Prosimetron

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sexta-feira, 13 de junho de 2008

"Não sei de quem recordo meu passado": Fernando Pessoa- 120 anos depois


Nasceu no Largo de S. Carlos, em frente do teatro de ópera, no coração de Lisboa, às três e vinte da tarde. Deram-lhe o nome de Fernando António, em homenagem ao Santo desse dia. Veio a tornar-se o maior poeta do século XX português, com uma obra que ultrapassou fronteiras e se tornou objecto de estudo em todo o mundo culto, em particular no Brasil e na Europa. Um crítico literário, o professor norte- americano Harold Bloom considerou-o, ao lado de Pablo Neruda, o mais representativo poeta do século XX.
A sua vida e a sua personalidade multifacetada e, por vezes contraditória, mantêm, ainda hoje, uma aura de mistério que inúmeras teses procuram dissecar e explicar. Bem como a sua projecção em heterónimos, poetas diversos, vivências pessoais, intelectuais e poéticas diferentes. Qual deles, Fernando Pessoa, Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos seria o verdadeiro Pessoa?

Vivem em nós inúmeros,
Se penso ou sinto, ignoro
Quem é que pensa ou sente.
Sou somente o lugar
Onde se sete ou pensa.

Tenho mais almas que uma.
Há mais eus do que eu mesmo.
Existo todavia
Indiferente a todos.
Faço-os calar: eu falo.

Os impulsos cruzados
Do que sinto ou não sinto
Disputam em quem sou.
Ignoro-os. Nada ditam
A quem me sei: eu ‘screvo.

Ricardo Reis - Odes

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