Prosimetron

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domingo, 24 de agosto de 2008

Operação Valquíria

A estreia de Operação Valquíria na Alemanha estava prevista para Julho. Foi adiada para Fevereiro de 2009, mês em que se realiza o Festival de Berlim (Berlinale) – feliz coincidência…
Os Estados Unidos antecipam-se. O público americano poderá ver o filme a partir de 26 de Dezembro deste ano, após sucessivos atrasos na estreia da película por parte da 20th Century Fox.

As filmagens que decorreram em Berlim e Bradenburgo em 2007/8 mereceram a atenção especial da comunicação social alemã. A narrativa - a preparação e o fracasso do atentado contra Hitler, na óptica de um realizador não alemão - já em si dificilmente passaria despercebida na Alemanha por motivos óbvios. Porém, a mediatização à volta do filme centrou-se quase exclusivamente no actor principal, Tom Cruise, que desempenha o papel de Claus von Stauffenberg. Vários foram os quadrantes político-sociais que contestaram a decisão a favor de Cruise. Não estiveram em causa os dotes artísticos do protagonista, mas, sim, o facto de Cruise pertencer ao movimento Scientology. No entender dos críticos, a imagem e a idoneidade de von Stauffenberg correm risco de serem denegridas por um actor que se assume como membro cientologista desde há anos.


Na minha humilde opinião, ser ou não ser cientologista em nada implicará na qualidade do filme. Independentemente da simpatia ou antipatia pessoal pelo actor, Cruise deu provas do seu talento (refira-se o seu desempenho em Magnólia de Paul Thomas Anderson, 1999). O sucesso de Operação Valquíria medir-se-á através da (in)capacidade do realizador em abordar, de forma historicamente correcta, um tema tão sensível – um desafio enorme a que nem todas as adaptações cinematográficas estiveram à altura. Excepções existem naturalmente sempre, lembro-me de A Queda de Oliver Hirschbiegel (2004) com um excelente Bruno Ganz no papel de Hitler ou Sophie Scholl – Os últimos dias de Marc Rothemund (2005) com uma extraordinária Julia Jentsch como protagonista prinicpal.

Cabe então à realização de Bryan Singer (The usual suspects, Superman returns) e à dupla Nathan Alexander e Christopher McQuarrie, responsáveis pelo argumento, demonstrar essa capacidade. O elenco é notável: Cruise é acompanhado de Kenneth Branagh (Henning von Treschkow), Tom Wilkinson (Friedrich Fromm) e de David Bamber (Adolf Hitler). Nina von Stauffenberg fica a cargo da actriz holandesa Carice van Houten.


A expectativa e a curiosidade são naturalmente grandes. No entanto, dois aspectos afiguram-se-me positivos à partida: Hollywood, já por motivos de bilheteira, terá certamente todo o interesse em mostrar Claus von Stauffenberg como herói (e não como traidor a um regime, conforme alguns mentecaptos pensaram ao longo de muitos anos).
O segundo argumento a favor desta produção chama-se Philipp von Schulthess.
Perguntarão os leitores quem está por detrás deste nome tão sonante. É muito simples: o neto de Claus e Nina von Stauffenberg que representará o ajudante do oficial Henning von Treschkow.

2 comentários:

João Soares disse...

Bryan Singer é um excelente timoneiro no cinema, as expectativas são altas. E Tom Cruise saiu-se bem em "Magnolia", como diz o Filipe.

LUIS BARATA disse...

Tenho as maiores reservas em relação à Cientologia, mas de facto está tão entranhada em Hollywood que discriminar os actores a ela pertencentes iria parar muitas séries e filmes. Agora a verdade é que a Cientologia está proibida em vários países e por variadas razões.Outra verdade é que os seus "ensinamentos" equilibraram as vidas de muitas estrelas de Hollywood.Tom Cruise, como é sobejamente conhecido, foi subindo e subindo e é hoje um dos altos graus da Igreja da Cientologia.