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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Outono por Pessoa

Uma névoa de Outono o ar raro vela

Outono, Hemeroteca Municipal de Lisboa (Rua S. Pedro de Alcântara)
Uma névoa de Outono o ar raro vela,
Cores de meia-cor pairam no céu.
O que indistintamente se revela,
Árvores, casas, montes, nada é meu.

Sim, vejo-o, e pela vista sou seu dono.
Sim, sinto-o eu pelo coração, o como.
Mas entre mim e ver há um grande sono.
De sentir é só a janela a que eu assomo.

Amanhã, se estiver um dia igual,
Mas se for outro, porque é amanhã,
Terei outra verdade, universal,
E será como esta [...]
5-11-1932

Fernando Pessoa, Poesias Inéditas(Nota prévia de Jorge Nemésio.) Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990), p.104

 
                                                                                                      

2 comentários:

Isabel disse...

Bonito o poema.
Sabes uma coisa Ana? Não sabia o que é uma hemeroteca. Nunca tinha ouvido. Já fui ver ao dicionário.
Estamos sempre a aprender.
Um beijinho.

ana disse...

Olá Isabel,
Já utilizei muitas vezes o espaço desta hemeroteca mas não para o fim a que ela se destina. Utilizei-o para escrever e trabalhar porque a Biblioteca Nacional estava fechada.
Tem uma enorme vantagem é próxima do Chiado, junto à igreja de S. Roque, uma igreja muito bonita onde ouvi dois sermões do padre António Vieira.

Beijinhos! :)