Prosimetron

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domingo, 22 de março de 2009

Stupor Mundi

Inúmeros são os soberanos ilustres que a Humanidade conheceu ao longo do século XIII. Em França, reinaram Filipe II Augusto, Luís IX (São Luís), e, por fim, Filipe IV, o Belo. Castela e, mais tarde, Leão, viveram o reinado de Fernando III, o Santo, e de Afonso X, o Sábio. Aragão orgulhou-se de ter Pedro III, El Grande. No entanto e no meu humilde entender, Frederico II de Hohenstaufen (1194 - 1250) merece um destaque neste elenco notável. E por ocasião do post dedicado a Castel del Monte, não resisto a partilhar algumas notas com os estimados leitores sobre esta personalidade única. Não se trata de uma abordagem histórica, tal propósito carecia de conhecimento muito mais profundos. Seguem, apenas, algumas reflexões sobre Frederico.

Neto de Frederico Barbarossa e filho de Henrique VI e Constança de Hauteville, Frederico II de Hohenstaufen foi rei da Sicília, Imperador do Sacro Império Romano-Germânico e rei de Jerusalém.

Foi admirado e odiado. Anunciado como salvador do mundo e maldito como Anti-Cristo. Maldito e banido, ou seja excomungado, por três papas, em conflito constante com a Santa Sé. Ainda assim, dirigiu a sexta cruzada em direcção à Terra Santa, mas em vez de aí lutar, negociou com o sultão egípcio para descontentamento da Igreja. Impiedoso contra os hereges, manifestou e viveu, no entanto, uma tolerância ímpar em relação a judeus e muçulmanos. Numa época em que a Igreja impunha os limites ao pensamento livre e científico, ousou pôr em causa tradições e conceitos. Foi chamado Stupor Mundi (a estupefacção/admiração do mundo), pois Frederico surpreendia o mundo que o admirava precisamente por isso. Pensador e intelectual à sua maneira, dominava oito línguas. Era aberto à magia e ao misticismo. Fundou a Universidade de Nápoles, relacionava-se com filósofos, convivia com sábios muçulmanos e judeus. A corte de Palermo reunia artistas do mundo de então.

Frederico impulsionou a reorganização política: as célebres Constituições de Melfi de 1231 instituíram o direito constitucional, penal, administrativo e processual - um código que prevaleceu em Nápoles até ao século XIX. Ao Imperador deve a medicina o primeiro regulamento de estudos sistematizados em Salerno para quem aspirasse a médico.

Frederico II, o puer Apuliae (menino da Apúlia), encontra-se sepultado na Catedral de Palermo.

Imagens: segunda imagem: casamento com Isabel (Yolanda) de Brienne, crónica de Giovanni Villani; terceira imagem: o Imperador, súbditos e o falcão (ave predilecta de Frederico), uma miniatura de "L'art de la chace des oisiaus", início do século XIV, Paris, Biblioteca Nacional

4 comentários:

LUIS BARATA disse...

Um belo post do Filipe V.Nicolau, como já estamos habituados.
Sobre o meu fascínio quanto a Frederico de Hohenstaufen, remeto para um pequeno post que escrevi há quase um ano aqui no blogue- também se chama Stupor Mundi,e é de Maio de 2008. Podem lê-lo desde logo fazendo pesquisa no topo do blogue.
Vou procurar as fotos que aí menciono.

LUIS BARATA disse...

E vou ver se arranjo o selo, que é bem bonito.

Anónimo disse...

São realmente inúmeros os soberanos...

LUIS BARATA disse...

Mas uns mais fascinante que outros. E de Frederico II de Hohenstaufen descendem muitos portugueses: todos os que descendam de Isabel de Aragão, a Rainha Santa, mulher do nosso rei D.Dinis para os mais esquecidos.