Prosimetron

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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Camões, grande Camões quão semelhante, Bocage


Henrique José da Silva, Bocage, óleo (1805)

Camões, grande Camões, quão semelhante

Camões, grande Camões, quão semelhante
Acho teu fado ao meu, quando os cotejo!
Igual causa nos fez, perdendo o Tejo,
Arrostar co sacrílego gigante.

Como tu, junto ao Ganges sussurrante,
Da penúria cruel no horror me vejo;
Como tu, gostos vãos, que em vão desejo,
Também carpindo estou, saudoso amante.

Ludíbrio, como tu, da sorte dura,
Meu fim demando ao céu, pela certeza
De que só terei paz na sepultura.

Modelo meu tu és…Mas, oh, tristeza!...
Se te imito nos transes da ventura,
Não te imito nos dons da natureza!

Bocage, Breve Antologia da Poesia portuguesa, Lisboa: FNAC- Guimarães Editores, SA, 2009, p.17.

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