Prosimetron

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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Uma gafe à volta do políptico que está no MNAA


Há cerca de uma dezena de anos atrás, entrando eu na Livraria Artes&Letras, fronteira à Igreja de S.Roque de Lisboa, encontrei o dono da dita, o livreiro e amigo Luís Gomes, à conversa com alguém que eu desconhecia. Sem querer incomodar, fui passando os olhos pelas estantes. Deparei-me então com os volumes de O Mistério dos Painéis do António Belard da Fonseca, e, estando eu então em plena "febre paineleira" , não me contive e saí-me com esta: "Olha o maluquinho do Belard da Fonseca! " . Imediatamente, o Luís Gomes olha para mim com os olhos bem abertos e chama-me para junto deles dizendo : "Deixa que te apresente o Francisco Belard, do Expresso, filho precisamente do Belard da Fonseca".
Fiquei de todas as cores. Aproximei-me, cumprimentei o Francisco Belard e lá balbuciei um pedido de desculpas pelo excesso de linguagem. Nunca me esqueci do ar benevolente do Francisco e da maneira afável como disse : " Deixe estar, já estou habituado". Lá se prosseguiu com conversa de ocasião, e eu à primeira oportunidade escapuli-me dali para fora. Mais um episódio que comprova que Portugal é pequeno e Lisboa uma aldeia, e o melhor é ter sempre tento na língua ...

8 comentários:

JP disse...

Monumental gaffe, à altura dos próprios painéis!
E tb foste injusto. O Dr. Belard da Fonseca, independentemente do "método" e dos resultados, esforçou-se bastante e deixou nos 5 volumes muito material recolhido.
Lembras-me J., que apresentei a V. (filho de construtor civil), e que, discutindo carros, afirmava que Mercedes era carro de empreiteiro. À segunda, V., muito sereno, responde que por isso é que o pai tinha um. Contra-resposta de J., sem se desconcertar: precisamente, é preciso um carro forte para andar nas obras.

LUIS BARATA disse...

Fui realmente injusto com o Belard pai, reconheço. Mas era o entusiasmo, ainda juvenil, de quem estava "embriagado" com o maior enigma da Arte portuguesa.Obviamente, hoje vejo a figura e a obra do B.da Fonseca com outra perspectiva.

Miss Tolstoi disse...

Também já tenho metido "a pata na poça". Às vezes mais que a "pata". Mas sem a presença de espírito de J.

JP disse...

Já agora, Luís, centra-te nas confusões que BF fez a respeito do Bispo D. Álvaro, primeiro "misturando-o" com o Bispo de Évora D. Afonso de Portugal, para terminar fazendo-o filho ilegítimo do Inf. D. Pedro.

Miss Tosltoi: pois, tb eu! O certo é que eu continuei amigo dos dois e eles tb continuaram até hoje em ambiente de bastante cordialidade. O que faz o sangue-frio de um engenheiro! ;)

Jad disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jad disse...

Pois eu fiz uma gaffe idêntica... perguntaram-me se eu conhecia os livros de Belard da Fonseca? Dei a minha opinião mais franca possível... quando acabei responderam-me: "sou neta dele"!

LUIS BARATA disse...

Só agora reparei que os meus queridos amigos JP e Jad fizeram uso da palavra francesa. Façam favor de a escreverem como mandam as regras: agora é "gafe", como manda a Academia.

JP disse...

Não sei realmente quem ganha a palma, se JAD, se o Luís. Mas o primeiro foi simplesmente honesto, o segundo imprudente.
Não sei se aceito o remoque à gaffe/gafe. O aportuguesamento é uma espécie de meio termo, nem cá nem lá. Como faxe e quejandos