Prosimetron

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terça-feira, 13 de outubro de 2009

A.S.: Escolhas Pessoais - I

Respondendo ao desafio que alguns dos Prosimetronistas lhe fizeram Alberto Soares começa a enviar as suas "Escolhas Pessoais". Aqui fica a primeira:

Eugénio de Andrade

Numa linha que vem dos Cancioneiros, passa por Camões e Garrett, e chega até Camilo Pessanha, a poesia de Eugénio de Andrade ( ps. de José Fontinhas,1923-2005 ) continua esta tradição de palavras musicais que nunca perdem de vista nem o corpo, nem a Natureza. Mas também não esquecem a liberdade do Homem e a intervenção social.
Tive o grato privilégio de o conhecer, pessoalmente, na sua generosidade (… ”não sei usar o coração com usura” …) e desassombro, na sua gentileza e sabedoria (… “A poesia não se faz com emoções, mas com a memória.”…). E também conheci o seu orgulho e solidão feridos, às vezes, por um país pequeno e mal agradecido.
Por isso, achei que era por ele que devia começar nesta ESCOLHA muito PESSOAL que irei partilhar no PROSIMETRON, através da disponível generosidade e mediação de JAD.
Dos dois poemas de Eugénio de Andrade, por mim escolhidos, um – EXÍLIO - que é autógrafo foi incluído no livro Ostinato Rigore; o outro é o 14º de As Mãos e os Frutos.
Tentarei optar, sempre que possível, por poemas curtos, por uma questão de espaço e, também, para evitar “assassinatos por entusiasmo” …
Bom proveito!

“Tenho o nome de uma flor
quando me chamas.
Quando me tocas,
Nem eu sei
Se sou água, rapariga
Ou algum pomar que atravessei.”

8 comentários:

Jad disse...

Desconhecia que o nome Eugénio de Andrade era uma imagem criada por José Fontinhas!

Anónimo disse...

Também desconhecia. Gosto muito de Eugénio de Andrade e da poesia "memória" e não "sentimento", mas acho difícil separar uma da outra. A poesia tem métrica, sentimento, musicalidade... a memória não significa perda de sentimento, mas acho que percebo o que quer dizer o poeta. Será a poesia como construção da ideia e não o facilitismo com que por vezes se faz poesia?
Ana

MR disse...

Eu sabia que Eugénio de Andrade é pseudónimo de José Fontinhas. Aliás, foi sob este nome que ele publicou em 1940 o seu primeiro livro de poemas, «Narciso».
Obrigada por esta escolha e pelo retrato de Picasso que desconhecia.

Rapariga de Lisboa disse...

"O lume dos olhos / a luzir no escuro"! Sou eu! sou eu! que tenho olhos pretos. Obrigado!

Anónimo disse...

Para a Ana: o que E.de A.quis dizer é que não se faz boa poesia sob o ardor das emoções. Só no "brasido" amortecido delas é que o poema,às vezes,vem.

Para MR: "Narciso" é raríssimo: acho que só vi 1,uma vez,em casa do Gastão Cruz. Mas "Pureza" e "Adolescente"- todos "renegados" por E.de A.- também não são frequentes. Felizmente tenho estes 2 últimos.

Para JAD: Obrigado.

Alberto Soares

MR disse...

Alberto Soares,
Não sabia que Eugénio de Andrade tinha renegado esses livros.
Obrigada.

MR disse...

Aliás, vou ver se os espreito, mas não publicarei aqui nenhum desses poemas. Acho que, nesses casos, deve respeitar-se a vontade do(s) autor(es).

Miss Tolstoi disse...

Bem vindo!