Prosimetron

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sábado, 7 de novembro de 2009

Ésquilo desceu das nuvens, nas asas de um relâmpago!


"Está hoje um dia de chuva tristíssima. Sou irmão destes dias pluviosos e cinzentos! O Henrique não imagina a intensidade da minha tristeza, em certos dias infernais! A minha sensibilidade nunca se adaptou a este mundo. Nem se adapta! Para que nascem as criaturas que não são deste mundo? Para fugirem dele violentamente? Vivemos num pesadelo! E não há modo de acordar! sinto-me bruto e desolado, querido Henrique! Paz aos brutos e aos mortos! Eu creio que nem os mortos dormem em paz! Os vivos não os deixam dormir! A tragédia cá de baixo continua-se lá acima! Ésquilo desceu das nuvens, nas asas de um relâmpago! "

(...) Joaquim [Teixeira de Pascoaes]
14 de Outubro de 1924

Uma Amizade, Cartas de Pascoaes a Anrique Paço D'Arcos, Lisboa: Vega, 1993, (1ª edição), (Selecção e pref. Maria do Carmo Paço D’Arcos), p. 30

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