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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Friedrich von Schiller


Friedrich von Schiller nasceu em Marbach (Alemanha), a 10 de Novembro de 1759. Seu 250º aniversário é motivo de reedições literárias e reposições de peças dramáticas por toda a Alemanha. Poeta, dramaturgo, filósofo e historiador – Friedrich von Schiller pertence ao Olimpo dos grandes nomes da Humanidade.
Segue um excerto do célebre monólogo de Joana d’Arc do acto IV da obra “A donzela de Orleães” (Editorial Verbo, 1972):

Repousam as armas; cala-se a tempestade da guerra; às sangrentas batalhas sucedem-se cantos e danças. Por todas as ruas ressoa a alegre ronda. O altar e a igreja resplandecem na pompa festiva. De verdes ramos se constroem arcos, e em volta das colunas serpentam as grinaldas. A vasta Reims não pode conter a multidão de forasteiros que afluem, às ondas, à festa dos povos.
E inflama-se um único e elevado sentimento de júbilo, e um só pensamento palpita em cada peito. O que ainda há pouco separado estava por um ódio sanguinário participa agora satisfeito do regozijo comum. Quem apenas se reconhece de raça dos Francos, esse, com mais orgulho, é consciente de um tal nome. Está renovado o esplendor da antiga coroa e a França presta homenagem ao filho do seu rei.


Contudo, a mim, que levei a cabo todas estas coisas magníficas, a mim não me comove a felicidade comum. O meu coração está mudado e desviado; foge a esta festividade, está voltado para o acampamento britânico. O olhar vagueia além, sobre o inimigo, e tenho de furtar-me ao círculo da alegria, para ocultar a pesada falta do meu peito.
Quem? Eu? Trazer no meu peito inocente a imagem de homem? A este coração, cheio de esplendor celeste, será permitido bater por um amor terreno? Eu, do meu país a salvadora, guerreira do altíssimo Deus, arder pelo inimigo do meu país?! Poderei eu dizê-lo ao casto Sol e não ver pela vergonha aniquilada?!

1 comentário:

ana disse...

"Repousam as armas; cala-se a tempestade da guerra; às sangrentas batalhas sucedem-se cantos e danças. Por todas as ruas ressoa a alegre ronda. O altar e a igreja resplandecem na pompa festiva. De verdes ramos se constroem arcos, e em volta das colunas serpentam as grinaldas".

Gostei da sua evocação e do excerto que escolheu.
Ana