«Os coleccionadores são os mais felizes homens do mundo». Serão? Li esta frase numa biografia de Stefan Zweig que ando a ler. Preparem-se que vão ser bombardeados.
Quando descobrem e podem ter mais uma peça na sua colecção. Seja que peça for em que colecção for. Alguns até coleccionam "seres humanos" e nunca descansam. Parecem o Caim de Saramago, não o Caim da Bíblia. Dizer que um e o outro são o mesmo é mera ficção... só quem não leu!... ou só quem não conhece a Bíblia!
Eu creio que o coleccionador se dualiza,muitas vezes,entre desejo e absoluto. Sem querer empolar o que disse (e lembrando Camus :"é preciso imaginar Sísifo feliz."),eu concordaria com Goethe. Venham as bombas,MR !
Coleccionar pode ser fonte de enorme prazer mas também fonte de angústia e sofrimento. Veja-se o post " Biografias, autobiografias e afins-38 ". E às vezes torna-se mesmo uma condição patológica, dominando de forma obcessiva a vida do coleccionador.
Jad: Voltamos ao mesmo- O problema não é tanto o livro e o que nele está escrito, embora haja excessos de linguagem como o próprio reconheceu publicamente, mas mais o que Saramago foi debitando sucessivamente para a comunicação social, designadamente a forma absolutamente simplista como se referiu à Bíblia- "manual de maus costumes" e outras pérolas que tais.
Para LB: Pesquisei e li o post 48 que citou. Só posso falar por mim (selos,principalmente), e embora tenha apreciado as suas conclusões, não concordo com elas. Talvez porque nunca fui um coleccionador contumaz e compulsivo. Continuo a pensar que é entre o desejo e o absoluto(terreno e não eterno) que se devem procurar as razões. razões
Em relação aos coleccionadores de livros, que são os que melhor conheço, acho que sim, ficam felizes quando encontram e conseguem um livro procurado e desejado há muito. O que conheci e o que conheço sempre partilharam esse gosto. Até quando coleccionávamos cromos, era uma emoção quando aparecia um cromo mais difícil ou mais desejado. .
Agradeço a HMJ a indicação do título do livro de Goethe, de onde foi retirada a citação: Der Sammler und die Seinigen. HMJ dá-nos também indicação de uma tradução francesa: Le collectionneur et les siens (Paris: Ed. de la Maison des Sciences de l'Homme, 1999). Obrigada! E também a Jad, o intermediário.
A descoberta de algo que procuramos pode dar-nos grande felicidade. E às vezes parece que as coisas vão ter com quem gosta delas e as aprecia. Não vos parece? Estavam ali à nossa espera, à espera que as encontrássemos.
O momento de felicidade é o da entrada de mais uma peça na colecção. Bom, ver a colecção crescer também. E mesmo olhar para as peças e lembrar a sua entrada na colecção... Afinal, coleccionar tem vários tipos de momentos de felicidade. Aqui deixo um midestíssimo testemunho de coleccionador. JPS
12 comentários:
Quando descobrem e podem ter mais uma peça na sua colecção. Seja que peça for em que colecção for. Alguns até coleccionam "seres humanos" e nunca descansam. Parecem o Caim de Saramago, não o Caim da Bíblia. Dizer que um e o outro são o mesmo é mera ficção... só quem não leu!... ou só quem não conhece a Bíblia!
Vou começar a ler Caim do Saramago pois, a polémica à volta do livro aguçou a curiosidade.
Já fiz algumas colecções e não se alcança a felicidade. O desejo de outra peça para a colecção é às vezes inatingível.
Coleccção de seres humanos? ...
Eu creio que o coleccionador se dualiza,muitas vezes,entre desejo e
absoluto. Sem querer empolar o que disse (e lembrando Camus :"é preciso imaginar Sísifo feliz."),eu concordaria com Goethe.
Venham as bombas,MR !
Coleccionar pode ser fonte de enorme prazer mas também fonte de angústia e sofrimento. Veja-se o post " Biografias, autobiografias e afins-38 ". E às vezes torna-se mesmo uma condição patológica, dominando de forma obcessiva a vida do coleccionador.
Jad: Voltamos ao mesmo- O problema não é tanto o livro e o que nele está escrito, embora haja excessos de linguagem como o próprio reconheceu publicamente, mas mais o que Saramago foi debitando sucessivamente para a comunicação social, designadamente a forma absolutamente simplista como se referiu à Bíblia- "manual de maus costumes" e outras pérolas que tais.
Para LB:
Pesquisei e li o post 48 que citou. Só posso falar por mim
(selos,principalmente), e embora tenha apreciado as suas conclusões,
não concordo com elas. Talvez porque nunca fui um coleccionador
contumaz e compulsivo. Continuo a pensar que é entre o desejo e o absoluto(terreno e não eterno) que se devem procurar as razões.
razões
Errata:
eliminar as(segundas)"razões",p.f..
APS,
Tem a absoluta razão, "desejo e o absoluto(terreno e não eterno)", tem que ver com possuir. Neste aspecto é horrível ser-se coleccionador.
Em relação aos coleccionadores de livros, que são os que melhor conheço, acho que sim, ficam felizes quando encontram e conseguem um livro procurado e desejado há muito. O que conheci e o que conheço sempre partilharam esse gosto.
Até quando coleccionávamos cromos, era uma emoção quando aparecia um cromo mais difícil ou mais desejado.
.
E vejo agora que grafei mal "obssessiva". Aqui fica a rectificação.
Agradeço a HMJ a indicação do título do livro de Goethe, de onde foi retirada a citação: Der Sammler und die Seinigen. HMJ dá-nos também indicação de uma tradução francesa: Le collectionneur et les siens (Paris: Ed. de la Maison des Sciences de l'Homme, 1999). Obrigada! E também a Jad, o intermediário.
A descoberta de algo que procuramos pode dar-nos grande felicidade. E às vezes parece que as coisas vão ter com quem gosta delas e as aprecia. Não vos parece? Estavam ali à nossa espera, à espera que as encontrássemos.
O momento de felicidade é o da entrada de mais uma peça na colecção. Bom, ver a colecção crescer também. E mesmo olhar para as peças e lembrar a sua entrada na colecção... Afinal, coleccionar tem vários tipos de momentos de felicidade.
Aqui deixo um midestíssimo testemunho de coleccionador. JPS
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