Prosimetron

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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

O Retrato...

O Retrato de Jovem, de Agnolo di Cosimo levou-me a reler alguns trechos do "Retrato de Dorian Gray" que já li há muitos anos.
(...) Basil, estou cansado! - exclamou Dorian Gray subitamente - Preciso de ir ao jardim. O ar, aqui dentro, está sufocante.
- Tens de desculpar-me. Mas não penso em nada mais enquanto pinto. Nunca "posaste" tão bem como hoje. Estiveste perfeitamente imóvel. Consegui captar o efeito que procurava... os teus lábios entreabertos... a centelha brilhante dos olhos. Não sei o que Harry tem estado a dizer-te, mas o certo é que te transmitiu uma expressão maravilhosa. O mais provável é que fossem elogios. Não deves acreditar numa única palavra. (...)
Lorde Harry saiu para o jardim. Encontrou Dorian Gray de rosto mergulhado nas flores frescas do lilás, bebendo-lhe febrilmente o perfume como se ingerisse um vinho capitoso. Aproximou-se e colocou-lhe a mão sobre o ombro.
- Tem razão - murmurou- Sómente os sentidos saram a alma, assim como só a alma é capaz de curar os sentidos.
(...)
Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray, Lisboa: Romano Torres, 1971, p. 27-28


Nunca vi este filme: The Picture of Dorian Gray, realizado por Albert Lewin em 1945. George Sanders faz de Lord Henry Wotton e Hurd Hatfield interpreta Dorian Gray.








1 comentário:

c.a. (n.c.) disse...

O quadro é extraordinário. Devo confessar que adorei esta «prenda». Fiquei até com vontade de a «surripiar» para a minha casa, mas contive-me... :-)
O meu problema com o Oscar Wilde é que já vi tantos filmes sobre a vida e a obra dele que vou adiando a leitura dos livros. Mas hei-de ler! [um dia... eventualmente... :-)] Aliás, o seu post é, definitivamente, um incentivo.