Prosimetron

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segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Praias de Portugal - 7. c)

«Estoril, o fulcro irradiante da Costa do Sol»
«Um pinhal selvagem gemendo soturnamente sobre um chão de areia, hastes curvadas pelas nortadas vagabundas, pelos temporais do oceano. Um céu coruscante de luz e cor, um mar de fascinação...
«Era o que se dizia aqui há poucos anos*, em Lisboa, desse trecho paisagístico cortado pela estrada de Cascais, na época em que o Estoril ainda não atraía veraneantes nem turistas.
«Chamavam-lhe "Santo António do Estoril".» (p. 285)

Cerca 1902.








«O areal é pequeno, estreito, inclinado, enegrecido por afloramentos de rochas, e dá pouco espaço para o espraiar da onda. [...]
«De Verão toda a praia desaparece sob os todos multicores.» (p. 306)

«Desde 1910 que Fausto Figueiredo se ocupa da transformação do Estoril num estância de turismo. As obras iniciais quase que paralisaram em 1914 por efeitos da Grande Guerra, mas após ela retomaram o ritmo interrompido.» (p. 304)



«As cocheiras da casa Santos Jorge, hoje em dia transformadas em garagem, mereceram ao proprietário um gasto enorme de fantasia. Dão nas vistas. Todos os forasteiros reparam no prédio estranho. Construção amável, com gaveto, situada entre a estação e o palacete acastelado da família Barros, o da praia. Construção airosa, branca, leve, aérea, de cimos at«rrendados por enfeotes de pérgola(p. 298)


«Termas de luxo romano... Uma piscina coberta, morna, para natação, um salão de chá em torno da piscina. Toma-se chá e torradas vendo as sereias e os tritões desunharem-se no crawl ou na braçada.
«No local onde o Rei D. José ia curar as suas comichões malignas, mergulhando simplesmente, numa banheira, há agora uma aparelhagem científica, cintilante, imponente, para os tratamentos de temerosa nomeclatura - hidroterapia, fototerapia, termoterapia, electroterapia, mecanoterapia... As águas que apenas curavam chagas são agora reclamadas para a taumaturgia de vinte e tantas doenças, desde o aparelho circulatório ao gastro-intestinal, desde as escrófulas de gosto medieval às curas da obesidade mais século XX que é possível. E contudo são as mesmas águas...
«Talvez tivesse havido, in illo tempore, junto às fontes do Estoril, umas termas romanas... As nossas contemporâneas são um templo em que a água, a luz invisível, a massagem têm altares e sacerdotes. Neste momento é assim...
«Já ali houve o balneário José Viana. Está agora no local o edifício das Termas. E daqui auns anos, sabe-se lá o quê...» (p. 292-293)



Citações de Branca de Gonta Colaço, Maria Archer
In: Memórias da Linha de Cascais. Cascais: C. M. Cascais; Oeiras: C. M. Oeiras, 1999
* A 1.ª ed. da obra é de 1943.

4 comentários:

Filipe Vieira Nicolau disse...

Belos postais

MR disse...

Só agora me lembrei que esta também é a sua zona, não é?

Jad disse...

Obrigado.

carlos almeida disse...

Como são lindos os postais, adorei
Carlos Almeida