Prosimetron

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domingo, 17 de outubro de 2010

Não posso adiar o coração


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa

Volto a colocar no Prosimetron este poema, que é um dos meus preferidos.

2 comentários:

APS disse...

Saúdo!

Miss Tolstoi disse...

Adoro a poesia de António Ramos Rosa e, particularmente, este poema "Não posso adiar o coração".
Deixo, de cor, outro:
"Na lucidez do corpo / num impulso de terra / alcançar sem entraves o domínio mais suave."
Espero não me ter enganado.