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sábado, 15 de janeiro de 2011

Lisboa: mais uma biblioteca pró galheiro

A LUSA distribuiu há dois dias uma notícia intitulada «Câmara Municipal reestrutura Bedeteca». Só que não há nenhuma reestrutuação, mas sim a diluição da Bedeteca na Biblioteca Municipal dos Olivais, passando aquela a ser uma secção de livros de banda desenhada nesta. Diferente, muito diferente.
«"É preciso racionalizar e não se pode perder espaço e recursos. É uma questão de articular funcionalidades. A equipa [da Bedeteca] mantém-se e as actividades também na medida das disponibilidades financeiras"», disse Francisco Motta Veiga, director municipal de Cultura da CML. Que equipa é que se mantém?
«A Bedeteca Municipal de Lisboa foi inaugurada a 23 de Abril de 1996 no Palácio do Contador-Mor, nos Olivais, onde está sedeada também a Biblioteca Municipal daquela freguesia. Durante quase uma década, a estrutura funcionou como um centro cultural dedicado à banda desenhada, ilustração e cartoon, com uma valência de preservação documental e outra de divulgação e apoio a esta expressão artística, com lançamentos editoriais e exposições.»
À frente da Bedeteca de Lisboa esteve João Paulo Cotrim, desde a sua criação até 2002.
«A Bedeteca, que possui cerca de 8000 volumes, apoiou a edição de novos autores de banda desenhada, realizou exposições, encontros de promoção de leitura e o Salão Lisboa de Banda Desenhada e Ilustração, tendo sido elogiada, sobretudo na viragem do século, por ter impulsionado novos valores da BD contemporânea.
«"A Bedeteca está reduzida a um conjunto de estantes numa sala, perdeu-se a componente de preservação da memória e o estímulo à produção", lamentou João Paulo Cotrim à agência Lusa.
Para o antigo director da Bedeteca, a integração do organismo como um serviço especializado da Biblioteca Municipal dos Olivais é "um desrespeito pelos mais de dez anos de trabalho da casa". "Nunca se produziram tantos ensaios e reflexões sobre a banda desenhada, ilustração e cartoon como naquele período. Havia gente a pensar e a escrever sobre exposições e autores", disse João Paulo Cotrim.

Lisboa: Bedeteca, 1998
«João Fazenda, Isidro Ferrer e Lorenzo Mattotti foram alguns autores da banda desenhada portuguesa e estrangeira que a Bedeteca editou e ajudou a divulgar.»

Lisboa: Assírio & Alvim: CML, 1998-2000. 2 vols.
Foi também desse tempo a publicação de uma História de Lisboa, em 2 volumes, da autoria de A. H. de Oliveira Marques e de Filipe Abranches. Esta obra teve tradução e edição em França e em Itália.

7 comentários:

APS disse...

Falta de estratégia e de sensibilidade, de visão de futuro. Esta gente tem um horizonte de costureiras analfabetas. Que pobreza...

Anónimo disse...

desde Santana Lopes que não há política cultural. Sempre pensei que esta Câmara invertesse a situação, mas parece que o mal permanece.

ana disse...

Quando deixam morrer bibliotecas está tudo dito sobre o valor da educação.

Anónimo disse...

Há uma petição pública que pode ser assinada em:
http://peticaopublica.com/PeticaoVer.aspx?pi=P2011N5472

hmj disse...

Para o anónimo:
Certamente, e à margem da notícia sotre a BDteca, não me lembro de qualquer realização com relevância cultural do Senhor Santana Lopes, a não ser a sua auto-encenação permanente que, para alguns, poderá assumir contornos culturais.

Anónimo disse...

HMJ, do Anónimo das 16:05 de ontem.
Devia ter dito desde João Soares, o último presidente da Câmara com pés e cabeça que Lisboa teve. O que eu queria dizer é que desde Santana Lopes (este incluído) que não há política cultural. O Pipi começou até a destruir algumas das boas coisas que estavam feitas.

Anónimo disse...

E não foi só na área cultural. Refiro-me à destruição do Pipi. Começou por destruir a estrutura da Câmara, também sob a capa de uma reorganização.