Prosimetron

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domingo, 7 de dezembro de 2008

Aquisições recentes - 1 : O LIVRO DE MINHA MÃE

Decidi há já largos meses fazer um inventário da minha biblioteca. Ainda não arranjei coragem, pois que embora não se compare com as de alguns dos meus colegas de blogue, são apesar de tudo uns milhares de livros. Vai ser uma das minhas "resoluções de Ano Novo" para 2009.
Uma decisão mais recente foi ir fazendo aqui no blogue um inventário dos livros que comprei recentemente, mais fácil de fazer porque estão mais à mão- uma pilha em cada mesa de cabeceira, e mais outras pilhas na sala e no escritório.
Tinha prometido a mim mesmo não comprar mais nenhum livro para mim este ano, para disciplinar a leitura, a bolsa e a casa... Hoje, porém, e sem o esperar, quebrei a promessa. Não resisti a este que me parece o mais belo livro que já conheci sobre a figura maternal.
Não comprei a edição original, que se vê supra, mas sim uma tradução portuguesa que me entrou pelos olhos adentro esta manhã.
Começo pois este inventário pela aquisição mais recente de todas, como convém. E aqui ficam uns trechos, outros serão trazidos no próximo Dia da Mãe. É uma promessa.

" V

Chorar a mãe é chorar a infância. O homem quer a sua infância, quer reavê-la e se, à medida que avança nos anos, cada vez gosta mais da mãe, é porque a sua mãe é a sua infância. Fui criança, já não o sou e não me conformo com isso. De súbito, recordo-me da nossa chegada a Marselha. Ao descer do barco, agarrado às saias de minha mãe que trazia um chapéu de palha com cerejas na cabeça, fiquei aterrado com os eléctricos, com aqueles carros a andarem misteriosamente sozinhos. O susto só passou quando me convenci que deviam ter um cavalo escondido lá dentro.(...) "


" XXVI

Em suma: instalamo-nos na infelicidade e, às vezes, chegamos a pensar que afinal não se está lá tão mal como isso. Fumemos portanto um cigarro, enquanto o idiota da rádio continua a falar de uma importante declaração de um importante chefe de Estado. O idiota saboreia a declaração, deleita-se com ela, põe-se a chuchar nela. Como me podem ser indiferentes as suas importantes declarações. Futuros mortos com tal dinamismo, que coisa cómica. (...) "

- Albert Cohen, O LIVRO DE MINHA MÃE, trad. de Joana Morais Varela, Contexto Editora.

Dedico este post ao meu querido amigo António Bezerra, que perdeu a mãe no passado dia 30 de Novembro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Li há anos na tradução da Contexto e gostei.
Ficamos à espera das próximas aquisições.
M.

Anónimo disse...

Nãoconheço. Talvez até o precise de ler!
A.R.