Prosimetron

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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Os meus poemas -14

HEROÍSMOS

Eu temo muito o mar, o mar enorme,
Solene, enraivecido, turbulento,
Erguido em vagalhões, rugindo ao vento;
O mar sublime, o mar que nunca dorme.

Eu temo o largo mar, rebelde, informe,
De vítimas famélico, sedento,
E creio ouvir em cada seu lamento
os ruídos de um túmulo disforme.

Contudo, num barquinho transparente,
No seu dorso feroz vou blasonar,
tufada a vela e n' água quase assente,

E ouvindo muito ao perto o seu bramar,
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande mar!

Cesário Verde
(1855 -1866)

1 comentário:

Anónimo disse...

"E ouvindo muito ao perto o seu bramar,
Eu rindo, sem cuidados, simplesmente,
Escarro, com desdém, no grande mar!"

Sorri com este soneto. Que desdem pelo mar...
A.R.