Prosimetron

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domingo, 28 de dezembro de 2008

Dezembro de 1969

On her Majesty’s Secret Service, a única película deste agente único com passagem por terras portuguesas, estreou-se em Dezembro de 1969, mais precisamente no Odeon Theatre do Leicester Square londrino a 18 de Dezembro desse ano. A expectativa era naturalmente enorme, pois todas as atenções se concentravam no novo protagonista de James Bond, o australiano George Lazenby – um desafio pouco invejável após as cinco aparições lendárias do antecessor escocês Connery.

Menor foi o desafio que 007, eternamente ao serviço de Sua Majestade e do mundo inteiro, enfrentou nesta narrativa: o vilão Blofeld (Telly Savalas), na sua loucura e ambição desmesuradas, ameaça esterilizar quaisquer seres humanos e não humanos do nosso planeta através de um vírus. Seu laboratório encontra-se nos Alpes suíços, parece-se com uma fortaleza de luxo e retém uma dúzia de beldades femininas que, sem qualquer noção da verdadeira intenção de Blofeld, servem os interesses deste malandro. A Bond, disfarçado de genealogista, é concedido o difícil acesso às instalações. No entanto, Blofeld descobre a identidade de 007 e dispara uma maquinaria impressionante de perseguição: até avalanches são postas em queda para atingir Bond e sua noiva, a condessa Teresa (Tracy) di Vicenzo (Diana Rigg), que tentam, de ski, escapar às terríveis quantidades de neve...

On her Majesty's Secret Service continua, indevidamente a meu ver, sob um estigma de inferioridade em comparação com outras adaptações cinematográficas do personagem criado por Ian Fleming, provavelmente devido à performance de Lazenby, que muito dificilmente poderia estar à altura do desempenho de Sean Connery. Contudo, esta película prima por um conjunto de particularidades: À luz dos padrões de 1969, as cenas de acção são brilhantes. O realizador Peter Hunt, colaborador imprescíndivel nos filmes anteriores de Bond, recorreu nas filmagens a Willy Bogner, um dos atletas de ski mais conhecidos da década de 60 (e um dos estilistas de moda mais conceituados hoje em dia).

Vemos ainda um James Bond verdadeiramene apaixonado e disposto a casar. Miss Moneypenny assiste às bodas com lágrimas nos olhos... Comovida? Ciumenta? Frustrada? Never mind. Lamentavelmente, o matrimónio com Tracy encara um fim trágico (penso que a cena final ocorre algures na Serra da Arrábida, talvez os estimados leitores o possam confirmar).

Imagem: LIFE, Time Inc.
E por fim, o contraste dos cenários: a região à volta de Berna, com as suas belas localidades cobertas de neve num ambiente natalício (Savalas deseja um Merry Christmas a Bond), em oposição às magníficas imagens de sol em Portugal: vários são os pontos de referência, bem familiares ao espectador português: entre eles, o Guincho que serve de cenário, um pouco sinistro, para a tentativa de suicídio de Tracy, a ponte sobre o Tejo (ainda recente naquela época...), o distinto Hotel Palácio no Estoril, a Loja das Meias no Rossio (ainda se recordam?) e uma ourivesaria logo ao pé que, felizmente, ainda existe...

Para rever imagens de 1969, também captadas em Lisboa, segue um pequeno trailer deste filme, enriquecido pelo tema principal We have all the time in the world, interpretado por Louis Armstrong.
Enjoy!



1 comentário:

Anónimo disse...

O aspecto mais "português" ocorre mesmo no final do filme, quando, depois da morte de Tracy, surge um polícia na sua mota, com uns reluzentes alamares, a afiançar a sua melhor farda!
Quando vi este filme não me espantei com o seu insucesso. Ao contrário dos anteriores (e de muitos dos posteriores), não tinha uma história sólida, mas sim duas e, por sinal, tíbias.
Já agora, uma falha: James Bond acorre ao refúgio de Blofeld como um perito do College of Arms, mas veste kilt ao jantar! Não sendo impossível que algum membro do CoA tenha ascendência escocesa, quero crer que terá ocorrido uma generalização abusiva da jurisdição do College, a norte do muro de Adriano.