Prosimetron

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sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Os meus poemas -23

A CURVA DOS TEUS OLHOS

A curva dos teus olhos dá a volta ao meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço nocturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram sempre.

Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores de sons e nascentes das cores.

Perfume esparso de um manancial de auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus olhos
E todo o meu sangue corre no teu olhar.

Paul Éluard
(1895 -1952)
tradução de António Ramos Rosa e Luísa Neto Jorge

2 comentários:

Anónimo disse...

Não conhecia e é lindíssimo.
M.

Anónimo disse...

Também não conhecia é muito bonito!

Graças.
A.R.