Prosimetron

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quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A Santa Ignorância ou a Ignorância Santa

pormenor de um quadro de Ismiek, 2009

"Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício
melhor do que o de Caim. Por causa da sua fé,
Deus considerou-o seu amigo e aceitou com
agrado as suas ofertas. E é pela fé que Abel,
embora tenha morrido, ainda fala.
(Hebreus, 11, 4)
LIVRO DOS DISPARATES"


Dois seminaristas e um outro estudante de Teologia estavam hoje a "insultar" o autor desta frase. Que era uma ofensa a tudo e a todos. Que chamava Livro dos Disparates a um Livro.

Estava na Católica Universidade de Lisboa. Tinha visitado um dos meus "Sancto dos Sanctos", isto é, uma Biblioteca.

Perguntei, em tom talvez provocante, se conheciam e se alguma vez tinham lido o Livro dos Disparates...

Olharam-me como se me pudessem lançar para uma fogueira...

Tornei a fazer a pergunta.

E um deles respondeu-me fazendo-me uma pergunta: e porque é que insiste em chamar ao Livro o Livro dos Disparates?

Fiz pela terceira vez a pergunta: Já alguma vez leram o Livro dos Disparates?

E responde-me um dos outros: Sim, já li o Livro, mas porque insiste em chamar-lhe o Livro dos Disparates!

Ao que eu respondi, rindo-me e pedindo desculpa: Santa Ignorância ou Ignorância Santa. (O olhar era aterrador...). Vocês nunca leram o Livro dos Disparates porque esse livro é fruto da imaginação do Homem.

Respondem: isto é que este tipo é provocador (valia-me apenas, neste momento, o meu "ar")!

E completei: A vossa ignorância é que é grande. Será que naquele Livro que leram existe lá essa frase?

Existe, existe, na Epístola de S. Paulo aos Hebreus...

E chama-se Livro dos Hebreus?

Não realmente não se chama!

E a frase é igual?

Não é?! Vamos ver..., não, não é; mas é semelhante... mas tem diferenças (dizem todos três, quase a uma voz)!

E então... vocês têm uma cópia de um quadro de Leonardo da Vinci, feita por um falsificador qualquer, que até parece mesmo o original. O quadro é de Leonardo da Vinci?

Não, não é... é falso!

E tem algum valor? Vale alguma coisa?

Não, não vale nada. Mas não vale nada porque todos conhecemos o original e sabemos que está num Museu! E foi feito "à maneira de"... "a imitar" mas todos sabemos que é de um homem do século XXI.
Então essa frase também não vale nada. Só estava a valer porque vocês são uns ignorantes e não sabem diferenciar o original de uma cópia!

2 comentários:

Anónimo disse...

Parafraseando o João [outro]:
"São mais as perguntas a que não sei responder do que aquelas a que sei as respostas".

Ando sempre a aprender e tenho avidez de aprender. É isso que me faz viver e encontrar um sentido para caminhar.
Não sei se percebi bem este post!
Ana

ana disse...

Hoje percebi o post da maneira mais dura que se pode imaginar!
Gosto de aprender e se erro gosto que me corrijam.

Não tenho o dom da sapiência e não tive um ambiente que me fornecesse a sapiência de um modo fácil. Aprendo com os erros e as bofetadas.
Às vezes, gostava que a sobranceria não levasse à exclusão dos outros.
Pensei que ensinar era um dever para quem sabe.
Dizer mal por trás ou gozar aquele que não sabe, não ajuda em nada a que a luz ilumine.
Nem todos têm acesso à Escola de Atenas!
Ana