Prosimetron

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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Cabra-cega

Cabra-cega foi o primeiro romance de Roger Vailland que li. Depois, ao longo de anos, devorei tudo o que dele foi saindo em Portugal, o último dos quais, Escritos íntimos, devo dizer que me chocou um pouco. Talvez um dia destes o releia.


Trad. de Hélder Macedo; pref. de José Cardoso Pires
Capa de António Garcia

Lisboa: Ulisseia,1959




Trad. de Casais Franco.
Mem Martins: Europa-América, 1987


«Cabra-cega é um romance – no sentido em que se diz romanesco -, uma ficção, uma criação da imaginação.
«Não é um romance histórico. Se eu tivesse pretendido esboçar um quadro da Resistência, ele seria inexacto e incompleto na medida em que não ponho em cena os guerrilheiros nem os sabotadores das fábricas (para não citar outros exemplos), que se contaram entre os mais puros e mais desinteressados heróis da Resistência. Mas Cabra-cega não é um romance sobre a Resistência. Não pode por conseguinte fornecer matéria para qualquer espécie de polémica – a não ser a puramente literária - , e todos os argumentos de ordem histórica ou política que nele se colham são, por definição, desprovidos de valor.
«Se, enfim, se desse o caso de o nome ou o pseudónimo de um dos meus ‘heróis’ pertencer a uma personagem realmente existente, estar-se-á perante uma mera coincidência, independente da minha vontade e sem o mínimo significado.»
Roger Vailland - «Advertência»

«E Vailland, escritor vigoroso, ao descrever tão corajosamente uma época da sua pátria, lavra também mensagem profética própria dos antepassados libertinos segundo a qual o futuro é do homem interessado que em toda e qualquer circunstância se obriga a tomar posição, a experimentar, a intervir.» (José Cardoso Pires)

1 comentário:

Miss Tolstoi disse...

Levou-me à estante, onde fui encontrar este livro de Vailland: "Laclos para lui-même". Completamente esquecido. E onde li: "A libertinagem é um jogo dramático com figuras bem determinadas [...]. Jogo de sociedade, jogo rigoroso como o xadrez, jogo dramático como a tourada."
Interessante como esta faceta de Vailland-libertino convivia com Vailland-comunista. Os comunistas sempre tão conservadores...