Prosimetron

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sábado, 11 de julho de 2009

Se razões fossem precisas... - 5

493. O Cardoso Pires era boa onda, um gajo porreiro e um grande escritor. O que ele escanhoou a língua portuguesa! Eu gosto muito dos que lavam a Língua. Há escritores que fazem isso. Despojam-na daquele excesso de ornamentação, de adjectivos, de descrições, de mobília, do raio que o parta.
Na poesia também acontece isso. A poesia é outro universo.

Tu lês o Mário Cesariny ou o Herberto Helder, ou o João Miguel ou o Joaquim Manuel Magalhães e ficas...
O António Franco Alexandre. O Rui Cinatti. É uma coisa devastadora. Portanto, o problema está resolvido. Pessoa. Camões. Quer dizer, o problema da nossa literatura está resolvido. Não é preciso inventá-la ou reinventá-la. Está escrita.

- Miguel Esteves Cardoso, in Mil razões para ler um livro/3 , Alma Azul, Abril de 2009.

Escanhoando, como ele disse do Cardoso Pires, os excessos e as blagues do MEC, dou por mim a concordar com as suas escolhas poéticas. Qualquer dos poetas que ele invocou é daqueles cujas palavras se cravam em nós. Para o bem e para o mal.

4 comentários:

Anónimo disse...

Gosto do Miguel Esteves Cardoso, há uns bons anos li dois livros dele, não me recordo dos títulos e não estou para ir ver a uma das estantes, a preguiça de Sábado...
Gosto de todos os poetas e escritores que indicou e gosto da mordacidade e sentido do humor dele!
Talvez seja o diletantismo (espero não ofender ninguém)que me fascina.
A.R.

Anónimo disse...

Pois eu cá não gosto!
J.

LUIS BARATA disse...

Bem sei que ele às vezes é irritante, mas durante anos foi um dos melhores cronistas que este país teve. Especialmente quando escrevia no Expresso.Como ficcionista, acho que só li aquele que tinha um título forte...

Anónimo disse...

Eu cá também não gosto o MEC. E não tenho nada contra o diletantismo, mas não para ser pavoneado.
Quanto às escolhas dele, gosto de todos, alguns até são os meus preferidos.
M