Prosimetron

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sábado, 11 de julho de 2009

Um poema ao acaso!


Milão (2007), pormenor de um sarcófago

Atentado

Rasguei o cabelo ao Sol.
Rasguei os ombros à Lua.
Rasguei os dedos aos rios.
Rasguei os lábios às rosas
E rasguei o ventre aos frutos
E a garganta aos rouxinóis.
Mas ninguém (nem mesmo tu!)
Viu que, em tudo, o que eu rasgava
Era a imagem do teu corpo
Branco,
Firme,
Intacto,
Nu.

Pedro Homem de Mello: Poesias escolhidas, Lisboa, INCM, 1983, p. 242