Prosimetron

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quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Os meus poemas - 34

Ó SINO DA MINHA ALDEIA

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto,
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho,
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.

Fernando Pessoa
(1888 -1935)




João Villaret

2 comentários:

Anónimo disse...

Adoro, adoro Fernando Pessoa e o "Ó SINO DA MINHA ALDEIA".
A.R.

Anónimo disse...

Esqueci-me de dizer que gostava muito de ouvir e ver o João Villaret a declamar. Bonito post.
A.R.