Prosimetron

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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Primeiro Manifesto do Futurismo

«Foi na Itália que lançámos este manifesto de transtornadora e incendiária violência, com o qual fundamos hoje o Futurismo [...].»

Marinetti apresentou o Manifesto do Futurismo em Milão, no dia 19 de Fevereiro de 1909, sendo nesse dia publicado no jornal parisiense Le Figaro, que saía com data do dia seguinte. Em Portugal, saiu no Diário dos Açores, de Ponta Delgada, em 5 de Agosto do mesmo ano (segundo informação de Pedro da Sileira em O que soubemos logo em 1909 do Futurismo).

«as nossas primeiras vontades:
«1. Queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.
«2. Os elementos essenciais da nossa poesia serão a coragem, a audácia e a revolta.
«3. Como a literatura até hoje enalteceu a imobilidade pensativa, o êxtase e o sono, queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de ginástica, o salto perigoso, a bofetada e o murro.
«4. Declaramos que o esplendor do mundo se enriqueceu com uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um carro de corridas, com a sua caixa ornamentada por tubagens que parecem grossas serpentes de hálito explosivo... um automóvel rugidor, com ar de correr sobre metralha, é mais belo do que a Vitória de Samotrácia.
«5. Queremos cantar o homem que agarra no volante com um eixo ideal que atravessa a Terra, ela própria lançada no circuito da sua órbita.
«6. O poeta tem de se multiplicar com calor, centelha e prodigalidade, para aumentar o fervor entusiasta dos elementos primordiais.
«7. Só na luta ainda há beleza. Não existe obra-prima sem um carácter agressivo. A poesia deve ser uma ssalto violento contra as forças desconhecidas, para as intimar a deitar-se perante o homem.
«8. Estamos no promontório extremo dos séculos!... Para que serve olhar para trás de nós, desde que tenhamos de forçar os batentes misteriosos do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Já vivemos no absoluto, uma vez que já criámos a eterna e omnipresente velocidade.
«9. Queremos glorificar a guerra - única higiene do mundo -, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos anarquistas, as belas Ideias que matam, o desprezo pela Mulher.
«10. Queremos demolir os museus, as bibliotecas, combater o moralismo e todas as cobardias oportunistas e utilitárias.
«11. Vamos cantar as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer e pela revolta; as ressacas multicolores e polifónicas das revoluções nas capitais modernas; a vibração noturna dos arsenais e dos estaleiros sob as suas violentas luas eléctricas; as estações gulosas, engolidoras de serpentes que fumegam; as oficinas penduradas nas nuvens pelos cordéis dos seus fumos; as pontes com saltos de ginasta lançadas sobre a cutilaria diabólica dos rios soalheiros; oa paquetes aventureiros que farejam o horizonte; as locomotivas de grande peitoril que campeiam nos carris como enormes cavalos de aço com longos tibos a afzer de rédeas, e o deslizante voo dos aeroplanos cujo hélice dá estalos de bandeira e tem aplausos de multidão entusiasta.» (Primeiro Manifesto do Futurismo)
In: F.T. Marinetti - O Futurismo. Lisboa: Hiena, 1995


Este centenário vai ser celebrado em Milão:

Ver em: http://www.stelline.it/01_calendario_evento.asp?IDAttivita=49

1 comentário:

ana disse...

Adoro o futurismo e o seu Manifesto!
Foi bom revisitá-lo.