Prosimetron

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A vida das formigas - 3

«No mundo das formigas, os voos nupciais, em que os machos encontram e fecundam duma vez para sempre as fêmeas, têm menos aparato e são mais económicos [do que nas abelhas]. Como convém ao aspecto humilde do insecto, assemelham-se a casamentos de aldeãos. No entanto, sendo muitas vezes realizadas no mesmo dia por todos os formigueiros dum cantão – no intuito da fecundação cruzada – provocam uma certa efervescência, sobretudo à superfície dos formigueiros, onde as obreiras, inquietas e excitadas, conduzem para fora do ninho e acompanham – como para encorajá-las ou despedir-se delas, e tão longe quanto podem – as fêmeas que vão cumprir o seu perigoso dever, e que nunca mais verão; porque para as formigas […] o amor tem quase o mesmo rosto de que a morte. Nenhum dos machos sobreviverá, e entre mil virgens que abriram voo para o céu, duas ou três, no máximo, realizarão o seu destino e conhecerão as misérias que vamos descrever.
«Aliás, uma polícia previdente e bem organizada vigia as entradas e proximidades do ninho e não consente que todas as fêmeas partam definitivamente. A cidade não deve ficar privada de mais jovens e vazia de possibilidades de porvir. Agarrando-lhes as patas, o guarda do formigueiro retém à força aquelas que se encontram no tecto da colónia e que um fado misterioso assinalara, arrancando-lhes as asas e recondu-las para os subterrâneos onde ficarão prisioneiras até ao fim da vida.»
Maurice Maeterlinck – A vida das formigas. 4.ª ed. Lisboa: Clássica Ed., 1950, p. 47-48

Aqui termina esta rúbrica. Para mais, ler o livro.

1 comentário:

ana disse...

Difícil a vida do macho formiga!
Mas morre do prazer...
Texto engraçado.