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sábado, 16 de maio de 2009

História Maravilhosa das mãos de Deus, Rainer Maria Rilke.

S. Nicolau, na Igreja Paroquial de S. Nicolau, Porto.Fotografia de João Paulo Sotto Mayor, retirada do livro "Dicionário de Santos",de Jorge Campos Tavares, Lello Editores, 3ª edição, 2004, Porto.


História Maravilhosa das mãos de Deus

“S. Nicolau, que goza de uma particular consideração junto de Deus, aproximou-se d’Ele e disse através das suas grandes barbas: « Os teus leões estão quietos, mas tenho a dizer que são uns animais bastante altivos! Mas olha, há um cãozinho a correr mesmo na pontinha da Terra, um terrier, está mesmo quase a cair». E Deus viu realmente uma coisinha alegre, branca, a dançar como se fosse uma pequena vela, na zona da Escandinávia, onde é tudo bastante arredondado. E Ele ficou mesmo zangado e censurou S. Nicolau, dizendo que se não gostasse dos leões, que experimentasse fazer outros. Ao que S. Nicolau saiu do Céu batendo com a porta de tal modo que caiu uma estrela precisamente em cima da cabeça do terrier. Foi a desgraça total, e deus teve de admitir que só Ele era o culpado de tudo e resolveu não tirar o olho da Terra. E foi o que aconteceu. Confiou todo o trabalho às Suas mãos, que também são sábias…”

Capela de St. Nikolaus von der Flüe (2007), Alemanha, do arquitecto Peter Zumthor.
Foto: Pietro Savorelli

Rainer Maria Rilke, Histórias do Bom Deus, Vila Nova Famalicão: Quasi, 2008, p.13

5 comentários:

Filipe Vieira Nicolau disse...

Um S. Nicolau muito rebelde e, dir-se-ia hoje, proactivo. Ao ler os seus posts, convenço-me cada vez mais de que Rilke é de uma profundidade e diversidade tremendas.

Anónimo disse...

O "nosso" João Cabral de Melo Neto fez uma linda homenagem a Rilke. Com sua permissão,transcrevo-a aqui:

Rilke nos Novos Poemas

Preferir a pantera ao anjo,
condensar o vago em preciso:
nesse livro se inconfessou:
ainda se disse, mas sem vício.
Nele, dizendo-se de viés,
disse-se sempre, porém limpo;
incapaz de não gozar,
disse-se, mas sem onanismo.

JCMN, Poesia completa e prosa. RJ, Nova Aguilar, 2008.

Juracy Viana

ana disse...

Vou responder seguindo a ordem:
- Filipe, achei graça ao S. Nicolau pro-activo.
- Juracy, muito obrigada pelo poema que transcreveu do João Cabral de Melo, é muito bonito.

Adoro Rilke!

ana disse...

Voltei para dizer a Juracy que não conheço bem João Cabral de Melo Neto, já procurei na net. Vou tentar conhecer melhor.
Obrigada!

Miss Tolstoi disse...

Juacy Viana, diz muito bem o nosso João Cabral de Melo Neto, já que ele também viveu em Portugal. Para além de ter escrito em português. Um grande poeta!