Prosimetron

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quinta-feira, 14 de maio de 2009

O novo rosto da América

Yes, we can foi a frase que correu mundo enquanto Obama se candidatava às presidenciais nos EUA. Mais que um slogan era (e continua a ser) um símbolo de esperança no reencontro do sonho americano em pleno período de mudanças... Vem isto a propósito de um livro recentemente publicado que tem por título Geração We, de autoria de Eric H. Greenberg (CEO de uma empresa de refeições) e Karl Weber (escritor, editor e especialista na indústria da publicação). Mas o que tem uma coisa a ver com a outra? Provavelmente terá porque estes dois factos podem muito bem estar relacionados: a força das palavras terá despertado uma nova consciência no outro lado do Atlântico e esta terá por sua vez originado um novo rosto da América. Um rosto que tem nome: Geração We (Nós). Constituída por indivíduos nascidos entre 1978 e 2000, esta nova força política e social que está a mudar a América caracteriza-se por ser independente em termos políticos, sociais e filosóficos, já influencia os resultados de voto com taxas de participação em crescimento constante e está empenhada em resolver os grandes desafios à escala planetária. Em números, a Geração We representa 95 milhões de indivíduos que nos próximos anos vão alterar o mundo à medida que forem entrando em novos ciclos de vida. Aos 40 e 50 anos assumirão posições poderosas em empresas e governos, trazendo consigo novos hábitos de consumo, ambiente e sociedade. Começaram por marcar a diferença ao transformarem a Internet no meio mais importante para o entertenimento e informação. Todos vêem televisão e estão online em permanente troca de ideias e informação e acreditam ter mais em comum com jovens adultos da sua geração noutros países do que com americanos de gerações mais velhas favorecendo desse modo uma rede ideológica mais multicultural que nacionalista. Em termos sociológicos, a Geração We tende a reduzir o consumo ilícito de drogas e retarda a vida sexual em clara oposição aos Baby-boomers (nascidos entre 1946-64) marcados por uma juventude de sexo, drogas e rock. Actividades relacionadas com o voluntariado, activismo e eleições conferem à nova geração um invulgar sentido de responsabilidade. Trata-se de indivíduos que nutrem uma afinidade comum pela tecnologia a ferramenta que lhes permite acreditar na inovação pessoal. Para a Geração We o mundo tem inúmeras possibilidades e tudo pode ser realizado se houver criatividade e determinação. Acreditam em religiões conservadoras, rejeitam a invasão à vida pessoal e consideram, por exemplo, que o país deve lutar mais para aceitar e tolerar os gays em vez de manter valores tradicionais. Integridade, honestidade, transparência e autenticidade são características que apreciam nos líderes, seja na política ou nas instituições. Partilham a segurança e a paz globais e olham o mundo e os seus recursos naturais de forma responsável, até porque cresceram com o conceito do planeta azul. Embora pareça que tudo estará por refazer, a Geração We encontra disponibilidade para o investimento pessoal a nível físico, psicológico ou espiritual através de práticas como o exercício, dietas ou meditação, afinal, a receita que torna um agente de mudança mais saudável, inteligente e eficaz.

4 comentários:

ana disse...

Achei interessante este conceito da "Geração We", embora, seja um pouco céptica nesta concepção. Será que conseguem o respeito e a tolerância que apregoam?
Parece-me muito "limpa" para ser real!
Esta geração que apresenta aproxima-se da "New Age" mas já a ultrapassou, não é verdade?
Há uns anos li um livro "Menos que Zero" retratava uma juventude ligada ao cinema e aos grandes industrais, era escrito por um jovem que espelhava o meio em que vivia. Não tem nada a ver com esta geração que apresenta.

"...disponibilidade para o investimento pessoal a nível físico, psicológico ou espiritual através de práticas como o exercício, dietas ou meditação, afinal, a receita que torna um agente de mudança mais saudável, inteligente e eficaz".

-Será possível existir este arquétipo social?

MLV disse...

Ana, certamente que um sociólogo explicaria melhor o surgimento destes arquétipos sociais e como eles moldam as mentalidades. E estou a lembrar-me dos já citados baby-boomers ou ainda da Geração X surgida entre 1965 e 1977)... Uma geração não significa necessariamente uma forma de pensar idêntica num todo. Julgo que são saudáveis estas tendências,correntes ou aquilo que lhes quisermos chamar.

ana disse...

Tem razão MLV, e soa a frescura!

Anónimo disse...

Interessante, muito interessante. E como, no estado a que tudo está a chegar, algumas soluções e caminhos têm que surgir, quem sabe esta «geração we» poderá conseguir convencer e multiplicar-se...
Quanto a mim que cada vez mais me sinto um ignorante por não vislumbrar quaisquer soluções para os caminhos que o Mundo inteiro está a levar, fiquei a apreciar. Obrigado, Mário, por trazeres esta nota. Por mim, vou ficar atento. JPS