Prosimetron

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domingo, 29 de março de 2009

Longe da multidão - Pavia


As obras de construção da Certosa di Pavia, a 35 km a sul de Milão, iniciaram-se a 27 de Agosto de 1396 sob a direcção do "ingenierius generalis" Bernardo da Venezia. Gian Galeazzo Visconti, duque de Milão, ambicionava com este projecto um mausoléu para a sua família. Os trabalhos concentraram-se durante as primeiras décadas na edificação do mosteiro, mais precisamente dos claustros, dos refeitórios e das celas dos monges. Traçaram-se os fundamentos da igreja, inspirados na planimetria da Catedral de Milão, levada a cabo poucos anos antes: três naves, as duas laterais com metade da largura da nave central; os contrafortes para sustentar o complexo seguiam a estrutura maciça gótica.

No entanto, a construção definitiva da igreja foi realizada apenas entre 1450 e 1473, sob a orientação de Guiniforte Solari, que transformou profundamente o conceito gótico inicial: as fachadas foram revestidas de uma nova fachada anteposta, recheada de elementos decorativos em estilo renascentista lombardo.
A ornamentação é enriquecida de uma variedade de minerais e pedras utilizados, desde mármore de Candoglia a pedras escuras de Varenna, d’Oira e Saltrio a acentuar os contrastes, e pórfiro verde e vermelho para as formas geométricas.
A igreja, dedicada a Santa Maria delle Grazie, foi consagrada a 3 de Maio de 1497, mas as obras estenderam-se até finais do século XVIII o que explica um conjunto de estilos diferentes no interior.

A dimensão da Cartuxa é gigantesca: passando-se por um vestíbulo, entra-se numa piazza grande; do lado direito encontra-se o palácio ducal, construído em 1625 para acolher hóspedes ilustres que visitavam a Certosa. Segue-se a entrada para a igreja que deslumbra com as naves já referidas e capelas nas naves laterais, repletas de obras de arte: desde vitrais quatrocentistas da autoria de Cristóforo e Jacopo de’ Mottis a frescos de Perugino ou de Bergognone na capela dedicada a Santo Ambrósio. No transepto direito, situa-se o túmulo monumental de Gian Galeazzo Visconti, terminado no final do século XV. Um fresco de Bergognone na apside, junto do túmulo, mostra Visconti e seus filhos a apresentar o modelo da Cartuxa à Virgem. Um portão conduz ao claustro pequeno e ao refeitório. A visita termina no claustro grande, um rectângulo de 125 x 102 metros, com motivos decorativos em terracotta, semelhantes aos do claustro inferior. 24 capelas rodeiam este belo claustro, destinadas aos monges em clausura.

A Certosa di Pavia foi objecto de um restauro profundo durante sete anos. Reabriu em 2008. Num país que “transborda” de obras de arte, esta Cartuxa tem um destaque nos guias da especialidade – merecidamente.

3 comentários:

LUIS BARATA disse...

Não conheço esta bela Cartuxa.Mas fiquei com vontade de conhecer!

Anónimo disse...

Também não conheço, é linda e o post também.
A.R.

Anónimo disse...

Eu também não conheço, mas hei-de conhecer. Se «Roma e Pavia não se fizeram num dia»...
M.