Prosimetron

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quinta-feira, 2 de abril de 2009

O Papão, Guerra Junqueiro.

Acordei a pensar na Humanidade e na Fraternidade.
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos tem escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!

Ilustração de Leal da Camara (fotografia* p. 44)
O Papão
As crianças teem mêdo à noite, às horas mortas,
Do papão que as espera, hediondo, atrás das portas,
Para as levar no bôlso ou num capuz dum frade.
Não te rias da infância, ó velha humanidade,
Que tu também tens mêdo ao bárbaro papão,
Que ruge pela bôca enorme do trovão,
Que abençôa os punhais sangrentos dos tiranos,
Um papão que não faz a barba há seis mil anos,
E que mora, segundo os bonzos teem escrito,
Lá em cima, detrás da porta do infinito!

*Guerra Junqueiro, A Velhice do Padre Eterno, Porto: Lêlo & Irmão, Lda, sd (1ª edição), p.43-44

1 comentário:

Anónimo disse...

Adoro o Leal da Câmara. Sobre o Guerra Junqueiro, já o disse várias vezes.
M.