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quinta-feira, 18 de junho de 2009

60 anos de uma nação: 1977


O terrorismo das Brigadas Vermelhas (RAF) marca a actualidade política da RFA em 1977. O Procurador-Geral da República, Siegfried Buback, é assassinado a 7 de Abril, quando a sua viatura pára diante de semáforos encarnados e é atingida por várias balas, disparadas por dois indivíduos queItálico se aproximam de Buback de mota. O “comando Ulrike Meinhof” reivindica o atentato, “justificando” o acto como retaliação à morte de alguns terroristas, entre eles, Ulrike Meinhof, que, no entender do comando, foram vítimas de homicídio. Na verdade, Meinhof cometera suicídio em 1976.
O atentado, já em si motivo de consternação geral, gera uma onda de protesto ainda maior, quando um jornal estudantil na cidade de Göttingen difama Buback como “cara de criminoso”.


As brigadas prosseguem a sua agressão contra altos representantes do Estado e da economia. Susanne Albrecht e seus “amigos” Brigitte Mohnhaupt e Christian Klar são recebidos a 30 de Julho em casa de Jürgen Ponto, membro do Conselho de Administração do Dresdner Bank. Albrecht é irmã da afilhada de Ponto e pretende apenas fazer uma visita ao “tio Jürgen”. Na presença de sua esposa, Ponto é assassinado por Mohnhaupt e Klar, ao buscar um vaso para o ramo de rosas que Albrecht lhe oferecera.


A terceira vítima pública é Hanns-Martin Schleyer, Presidente da Associação Industrial Alemã. Seus guarda-costas e seu condutor são mortos num atentado a 5 de Setembro, Schleyer é raptado e tido como refém. Os terroristas exigem a libertação de detidos pertencentes à RAF, entre eles, Andreas Baader. O chanceler Schmidt e seus conselheiros decidem não ceder às reivindicações e tentar a libertação de Schleyer. Iniciam-se negociações com os terroristas através de um advogado de Genebra.

Poucas semanas depois, é capturado um avião da Lufthansa que seguia o percurso Mallorca rumo a Frankfurt. Os quatro terroristas árabes forçam o piloto a desviar o avião via Roma, Chipre, Dubai, Bahrain para a capital da Somália, Mogadishu. Exigem a libertação de palestinianos que se encontram numa prisão turca, bem como o pagamento de 15 milhões de dólares para a libertação de membros da RAF. Confirmam-se então as suspeitas em Bona: a capturação do voo está relacionada com o rapto de Schleyer.
O governo de Schmidt mantém-se firme. Decide libertar os passageiros do avião no aeroporto de Mogadishu, tidos como reféns há quatro dias. O capitão do voo fora entretanto morto por um dos terroristas. A 18 de Outubro, entra em campo uma unidade anti-terrorista especial, a GSG 9, que liberta todos os passageiros e a tripulação. Três dos quatro terroristas são abatidos.
Outros terroristas da RAF como Baader, detidos no estabelecimento prisional de Stammheim, suicidam-se ao saber do desfecho em Mogadishu e ao realizar que o Estado alemão é incontornável na sua posição em não ceder. A RAF retalia a actuação de Bona: no dia seguinte, é anunciado o assassínio de Schleyer. A terceira vítima é encontrada morta num carro em Mulhouse (Alsácia). Termina assim o Outono negro de 1977, também conhecido por “Outono alemão”.


Imagens: atentado a Buback; Helmut Schmidt, a viúva de Ponto e Walter Scheel, Presidente da República; Hanns-Martin Schleyer; o avião "Landshut" da Lufthansa em Mogadishu; os terroristas da RAF mais procurados

2 comentários:

ana disse...

Só agora li e como sempre interessante!
Hoje o seu post teve outros que me chamaram à atenção. Parabéns.

LUIS BARATA disse...

A Ana só leu agora, mas não por distracção sua, porque em virtude de um problema técnico que ocorreu esta manhã só foi publicado há pouco o post do Filipe, embora apareça assumida a hora original de 9h. Fica a explicação para todos.
Espero que não tenha sido "sabotagem" anti-germânica :)