Prosimetron

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quarta-feira, 17 de junho de 2009

Ainda D. Sebastião...

D. Sebastião, escultura de Simões de Almeida (tio) (Ocidente, 1878)

Imagem digitalizada de História de Portugal dirigida por João Medina, Lisboa: Clube Internacional do Livro, 1997, p. 252 (D. Sebastião e o Sebastianismo)

D. Sebastião foi rei numas circunstâncias muito especiais que não interessam para aqui. Foi educado por um jesuíta e teve um tio com grande influência quer nos meios políticos quer nos meios religiosos, Inquisidor-Geral por intervenção do seu irmão, rei D. João III.
Não estou a julgar este infante-Rei: jovem ligado às artes de manejar as armas, aos valores e ideais cristãos ou à sua intelectualidade e físico algo débeis.
Não conheço estudos recentes de D. Sebastião mas uma coisa posso dizer: Ele está presente na literatura, na filosofia e não só contemporâneas, faz parte do chamado Sebastianismo português. Famosos poetas portugueses o eternizaram, tornou-se um símbolo da nossa nação para o nosso povo quer para o bem, quer para o mal.
D. Sebastião foi um rei cujas opções podem ser questionadas mas que contribuiu para fazer dos portugueses homens de valentia e preservadores de uma identidade nacional.
O que era da alma do povo português sem o sebastianismo? Vamos esquecê-lo porque é incómodo? Não é racional? Não fará parte integrante do "Ser" português?
Não me considero conservadora mas prezo e orgulho-me de ser portuguesa!

8 comentários:

Miss Tolstoi disse...

Ana, está a meter-se comigo? Por eu ter dito que D. sebastião era um tonto? Claro que era, senão não se teria comportado como o fez.
Diz a Ana, que ele "teve um tio com grande influência". Por acaso era o cardeal D. Henrique que lhe veio a herdar o trono. Também era uma obra-prima!
Diz ainda a Ana: "ele faz parte do chamado Sebastianimo português (que para alguns talvez seja tonto)". Claro! Sebastianismo vem de Sebastião - "Logo após a derrota e o desaparecimento, a figura do Rei começa a renascer das próprias cinzas, numa aura de amoroso enlevo* que se transforma no sebastianismo" (Conde de Sabugosa). Na época, alguns queriam acreditar que D. Sebastião não tinha morrido em Alcácer-Quibir e viria salvar-"nos" do jugo castelhano - por acaso para onde ele próprio tinha atirado o país. Engraçado, não é?
Agora, no século XXI, ainda haver sebastianistas? Saudosistas de que passado?
Diz ainda a Ana: "O que era da alma do povo português sem o sebastianismo? [...] Não me considero conservadora mas prezo e orgulho-me de ser portuguesa!"
Acho que seríamos muito mais atirados para a frente, não estaríamos sempre a falar dos Descobrimentos, a lamentar-nos, etc.
Saudades só do futuro, como dizia um poeta de que não recordo o nome. E daqui a uns anosainda mais saudades do futuro havemos todos de ter.
Não era para ter comentado, mas tive de o fazer. senão rebentava.

*Prefiro outros enlevos amorosos...

Anónimo disse...

E ainda: "intelectualidade e físico algo débeis".
O físico é de somenos, mas um rei intelectualmente débil...

ana disse...

Copiou o meu texto numa versão antiga, pois eu modifiquei-o e ainda não tinha comentários.
Certifiquei-me disso.

Jad disse...

"Não me considero conservadora mas prezo e orgulho-me de ser portuguesa!"
Já pensou que o Sangue de Filipe II é exactamente o mesmo sangue do principe D. João, dado que todos os antepassados são os mesmos (pois eram primos/irmãos). D. Sebastião tinha mais uma geração de sangue castelhano vindo de D. Juana.
Que professores é que a Ana teve... Ainda segue a escolha dos que escrevem isto: "Se houve em Portugal um período a que se chama de realeza filipina, não pode aceitar-se que a mesma houvesse constituído uma dinastia nacional" como aparece num prefácio de uma História de Portugal do fim do século XX e que ainda está em publicação?

ana disse...

Não sou "expert" na matéria e tive bons professores.
Aprendi história com um excelente historiador, A. H. de Oliveira Marques. Nunca o conheci pessoalmente mas foi o primeiro livro de História de Portugal que li! Iniciei-me nas lides da História quando andava no liceu.

Sei perfeitamente das ligações familiares e do parentesco em causa.
Ser portuguesa ultrapassa um pouco o sangue porque em questões de sangue podemos ir até aos primórdios e à miscelânia de povos que faz parte da nossa identidade, a história de longa duração a entrar em função.

Ser portuguesa é ter este pedaço pequeno de território desde 1143 com o "Tratado de Zamora" e 1179 "Bulla Manifestum Probatum"

ana disse...

Sou adepta de que um povo é regido por um conjunto de leis que mais não é que a expressão da evolução de um povo. Leis circunscritas a um espaço e que tendem a sofrer mutações ao longo dos tempos.

Sou admiradora do Direito por mais injustiças que às vezes comporte.

Julgo que também acerca das leis ao longo dos tempos compreende melhor que eu o assunto.

Por este pedaço de território chamado "Portucale" sofreram homens que não se queriam ver envolvidos em guerra, choraram mulheres a perda dos seus homens, dispendeu-se moeda, promulgaram-se impostos...tanta coisa para se defender Portucale não é o sangue entre tio e sobrinho que era o mesmo que vai definir um reino, nação ou país!

Jad disse...

Não quero voltar a este tema. Eu sou português e tenho muito orgulho em ser português. Mas hoje a minha Pátria já não é só Portugal... é também a Europa. É no novo conjunto que se fazem as leis, a moeda e, qualquer dia, até terá um representante oficial do espaço. Já escrevi e publiquei que a entrada de Portugal na Comunidade constituiu um passo idêntico ao que as Cortes aprovaram em 1580, em Almeirim. Filipe não veio ocupar o território. Foi Portugal, em Cortes, que lho entregou.
Aliás fez exactamente o mesmo compromisso que em 1499 D. Manuel I viu aprovado para o seu filho Miguel.

Miss Tolstoi disse...

Ana, li o seu post ontem cerca das 17h30m e não o voltei a ler antes de o comentar. Não me passou pela cabeça que o tivesse modificado, embora o essencial tivesse permanecido.
Já vi que D. Sebastião e o Sebastianismo deram origem a vários posts interessantes.

Do meu ponto de vista, somos europeus, e falamos e pensamos em português.