Prosimetron

Prosimetron

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Ainda sobre "rotulagem "

Uma vez que temos sido muito produtivos, e os posts ainda que recentes vão ficando "mais para trás " , decidi responder por mensagem autónoma ao comentário do nosso leitor ONX à citação de Richard Zimmler que reproduzi em Citações - 27.

Caro ONX :
Tem toda a razão quando fala da importância das categorias. O nosso pensamento efectivamente organiza-se por categorias e, como bem diz, desde a Grécia Antiga que assim é entendido.
Mas quando Zimmler falava, se bem o entendi, sobre "rótulos" que aplicamos aos humanos com que nos cruzamos e sobre quem nos interrogamos, o que ele tinha em vista, parece-me, é a estereotipagem que muitas vezes fazemos designadamente quanto a orientações sexuais e comportamentos sociais.
Passando a falar no meu conhecimento pessoal, direi desde já que conheço homens com um trato delicado, algo efeminados face às percepções médias da sociedade portuguesa, e que, no entanto, são heterossexuais. E, em contraponto, conheço homens que são muito masculinos, vão ao futebol, praticam muitos desportos, e na verdade são homossexuais praticantes.
O mesmo vale para as mulheres: já me tenho enganado sobre a sexualidade de algumas que julguei serem lésbicas pela maneira como se sentam, ou fumam, e a inversa também é verdadeira porque a ideia da "lésbica camionista" é na realidade um estereótipo.
Pelo que, para mim, a interrogação fundamental que conclui o discurso de Zimmler - como definir um homem homossexual- não é de resposta fácil, pelo menos não é passível de ser respondida em 2009 como lemos em alguma literatura médica do séc.XIX: são todos efeminados, dandies, neuróticos etc.
A diversidade e a complexidade humanas não são redutíveis a parâmetros tão simples quanto estes. Não é por acaso que a escala de Kinsey ia de 0 a 6 como deve saber...

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Luís Barata,

Primeiro que tudo, obrigado pela distinção.

Sem querer polemizar, até porque não li o artigo em causa (evito cuidadosamente a chamada comunicação social), parece-me que se confundem dois conceitos: "como se define", e "como se reconhece".
Já não chamamos esquimós aos inuit porque é assim que eles se chamam a si mesmos. Eu sou judeu: nasci em família judaica e defino-me a mim próprio como judeu. Sou heterossexual: mais de 50% das minhas paixões foram mulheres.

Simples, não é?

Quem é que anda na rua a tentar identificar os judeus? Se calhar...

Um abraço,
ONX