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sexta-feira, 26 de junho de 2009

60 anos de uma nação: 1983

As eleições legislativas de Março que dão uma maioria à coligação entre conservadores e liberais, introduzem uma novidade no panorama político da Alemanha Ocidental: o partido ecologista de Os Verdes regista 5,6 % dos votos e envia assim 28 deputados para o Bundestag. A presença de apenas três partidos que vigorou ao longo de várias décadas, é alargada por este êxito eleitoral dos ambientalistas que participam na sua primeira sessão em guarda-roupa pouco formal e munidos de girassóis e de um pinheiro pequeno. Decidem não assistir à eleição de Helmut Kohl, oferecem todavia ao recém-nomeado chanceler um ramo do pinheiro, manifestando assim a sua preocupação pela poluição ambiental que afecta as florestas alemãs em particular. Uma das palavras-chave do movimento ecologista vira a ser o Waldsterben (a morte da floresta devido à acidez elevada da chuva).

O semanário Stern de Hamburgo revela um achado sensacional: os diários de Adolf Hitler. A História do Terceiro Reich viria a ter um novo entendimento, segundo a revista. Poucos dias após a apresentação numa conferência de imprensa muito mediática, conhecem-se os resultados de uma análise laboratorial aos diários: a escrita é posterior a 1945 – trata-se portanto de uma falsificação. O semanário “Der Spiegel” adianta os detalhes: a editora Gruner + Jahr tinha pago um valor de 9,3 milhões de marcos ao jornalista Gerd Heidemann pelos 60 fascículos do diário. Heidemann, por sua vez, declara ter negociado a aquisição através de um intermediário de nome Konrad Kujau que assegurara tratar-se de um diário encontrado nos escombros de um avião, abatido poucos dias antesItálico do fim da Segunda Guerra Mundial. As investigações policiais posteriores viriam a provar que Kujau fora o autor dos livros falsificados. Tanto Kujau como Heidemann seriam condenados a vários anos de prisão.

Os centros urbanos das principais cidades da RFA são frequentados por jovens muito particulares: os Punks. Desde o final dos anos setenta, os Punks manifestam o seu desagrado com a vivência burguesa. Usam penteados provocadores. Um dos motes desta nova geração intitula-se “No future”. O movimento Punk marca presença também na RDA, onde, no entanto, os serviços da Staatssicherheit observam e reprimem estes jovens.

Neste espírito provocador enquadra-se também Nina Hagen: enfant terrible da música ligeira, iniciou a sua carreira na RDA no início dos anos 70 com actuações naturalmente menos controversas, influenciada pelos seus ídolos, tais como Janis Joplin, Tina Turner, Lotte Lenya ou James Brown. Em 1976, foi obrigada a abandonar a RDA no seguimento da expulsão do seu padrasto e dissidente Wolf Biermann. Desde então, destaca-se por actuações extravagantes que se manifestam, quer no guarda-roupa, quer na letra das canções do género Punk Rock. Torna-se conhecida de um público internacional. As entrevistas com Hagen na televisão lançam verdadeiros desafios aos locutores: desde detalhes da vida íntima a visitas de OVNIs, Hagen conta as experiências sem “papas na língua”.
- CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA -
Imagens: Os Verdes no Bundestag em Bona; os "diários" de Hitler; os Punks; Nina Hagen

4 comentários:

LUIS BARATA disse...

Enfim, tudo isto me é já muito familiar, desde a ascensão dos Verdes até à Nina Hagen.Ainda há dias falava com alguém sobre as "chuvas ácidas", que eram um "papão" no início dos anos 80 como se devem lembrar os mais velhos.

Anónimo disse...

No Carnaval, vi em Madrid um rapaz de crista muito parecido com um bloguista... Foi uma risada.
M.

LUIS BARATA disse...

Mas em Aljubarrota foi mais engraçada a "confusão". Depois conto.

Anónimo disse...

Também me é tudo familiar mas é óptimo este reavivar de memórias.
A Nina Hagen é giríssima.
Esperarei até segunda-feira para ver as surpresas!
A.R.