Prosimetron

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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Comemorações da República

Para os meus amigos republicanos, que escrevem neste nosso Prosimetron, exibindo a sua euforia comemorativa, sem a delicadeza de saber que também aqui há quem não comungue das mesmas ideias e tem tido a delicadeza de os respeitar.
"Poderão sempre acusar-nos de parcialidade. É evidente que somos parte neste conflito de interesses: nós queremos restaurar a Monarquia, “eles” querem exaltar a República, “eles” querem dar ao País a ideia da unanimidade de que o regime foi uma conquista para a liberdade e o progresso, nós queremos que fique claro que a liberdade depois de 1910 é um mito –veja-se a perseguição à Igreja Católica, o encerramento e “empastelamento" dos jornais, os presos políticos, a “formiga branca”, a Pide/DGS, etc., etc. – e que o progresso foi uma ilusão propagandista que, mesmo agora, em plena III República, nos coloca nos piores lugares da Europa e sempre abaixo das Monarquias Constitucionais. Houve coisas boas em república? É evidente que houve. Mas o regime é nefasto para Portugal, quer política, quer económica, quer socialmente.
“Eles” vão comemorar cem anos da República. Como se esses cem anos o merecessem. E vão gastar dez milhões de euros em iniciativas, a maioria das quais, de propaganda para o povo se regozijar pelos benefícios que o regime lhes proporcionou. Em obras e benefícios para a população a braços com uma das piores crises sociais de que há memória nos tempos modernos? Não. Com gastos escandalosos que nos indignam, mas que a comunicação social, sempre pronta e vasculhar escândalos, nem procura nem revela. E ainda a procissão vai no adro.
Só para dar pequenos exemplos da máquina de propaganda. A Comissão nomeada pelo Presidente da República, adjudicou por “ajuste directo” –ou seja, sem concurso público - a “ prestação de serviços de design com vista à criação e desenvolvimento do Portal Centenário da República” por 99.500 euros ( quase 20 mil contos em escudos antigos) e “ prestação de serviços de designs global do estacionário da Comissão Nacional e dos materiais de suporte à comunicação dos diferentes eixos programáticos”, mais 90.000 euros. E também “prestação de serviços de criação do projecto de arquitectura efémera de quatro espaços expositivos”, 67.000 euros E por fim (?) “ prestação de serviços no domínio das tecnologias de informação e comunicação”, 60.000 euros. Só nestes três exemplos propagandísticos cerca de 64 mil contos em moeda antiga. Se isto não é um escândalo, o que é um escândalo?"
João Mattos e Silva

6 comentários:

MR disse...

JMS,
Desculpe se se sentiram ofendidos. Não foi essa a intenção.
Quanto à primeira parte não vou responder porque os exemplos na Monarquia de atropelos às liberdades foram enormes, mormente nos anos de 1907 a 1909 para não ir mais atrás.
Misturar República com Estado Novo é, para mim, ofensivo.
Quanto aos exemplos que dá de gastos, se foram adjudicados sem concurso público acho mal.
Mas veremos se os 20 mil contos que vai custar o portal será um exagero. Tudo depende dos conteúdos. Constou-me que é rico e variado de conteúdos.

João Mattos e Silva disse...

MR tenho pena que considere ofensivo "misturar República com Estado Novo", porque o Estado Novo foi uma ditadura em república, feito por republicanos, com constituição e presidentes. Como diria o outro "no melhor pano cai a nódoa".

Jad disse...

Vamos ser FRATERNOS. Vamos fazer com que a fraternidade seja superior a tudo. Também tenho muito orgulho na bandeira azul e branca que foi amada pelos meus mais antigos antepassados, como tenho orgulho em todas as bandeiras que representam ou representaram o meu País. Acima de tudo amo PORTUGAL!

Anónimo disse...

João Mattos e Silva,
Quanto a atrocidades feitas pela 1ª e a 2ª República tem toda a razão.
Julgo mesmo que as coisas não mudaram muito na República após o derrube da Monarquia e isso viu-se com os sucessivos 45 governos da 1ª República que foi desembocar na 2ª com a ditadura/Estado Novo.
Os últimos tempos da monarquia foram difíceis.
Desculpe se o ofendi, não era essa a minha intenção. Precisamente por saber que havia outras opiniões no Blogue coloquei a belíssima pintura de D. Carlos.
Sou acima de tudo partidária da democracia por isso não me importaria se um referendo viesse a considerar a Monarquia como o caminho a seguir. Sou Republicana porque me transmitiram esses ideais mas convivi bem de perto com familiares defensores da monarquia.
Acima de tudo gosto do meu País, da minha bandeira e nação, valores que andam por agora esquecidos.
Ana

Miss Tolstoi disse...

Não me parece que se possa identificar uma Ditadura com um regime republicano, pela contradição que a etimologia das próprias palavras encerra. Logo há a I República, a Ditadura Militar e o Estado Novo, e a II República, em que vivemos.
E por aqui me fico para não acirrar os ânimos.

João Mattos e Silva disse...

Pois parece-lhe mal miss Tolstoi. Quer gostem quer não gostem o Estado Novo foi a II República e não vale a pena branquear a História. Aguentem-se com ela. Ou acha que Cramona, Craveiro Lopes e Américo Tomás eram reis?