Prosimetron

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sábado, 21 de março de 2009

Dia da Poesia II, Ecce Homo, João Mattos e Silva.

Museu Rodin
Ecce Homo

O que fizeram de mim
nesta manhã de espanto?
Quem recolheu e onde
o sangue do meu pranto?

Quem percorreu por mim
os meus duros caminhos?
Quem foi que recusou
coroar-me de espinhos?

Quem dispersou no vento
as palavras de amor?
Que piedosas mãos
limparam meu suor?

Quem sou eu afinal
que não me conheço:
Judas que não traiu
Jesus que não tem preço?

João Mattos e Silva - Intemporal, Antologia, Lisboa: Universitária Editora, 2003, p. 94

3 comentários:

Anónimo disse...

Uma boa escolha!
E os Burgueses de Calais também. Acho que são os estudos.
M.

João Mattos e Silva disse...

Obrigado Ana!

ana disse...

Gosto deste seu poema e achei graça colocar no dia da poesia um poema de um prosimetrista.