Prosimetron

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quarta-feira, 20 de maio de 2009

O arenque seco


Comprei este pequeno monólogo com o título O Arenque Secco de que não consegui encontrar mais referências e, ao que parece, não existe na Biblioteca Nacional.

O Arenque Secco, Monologo de Charles Cros, Tradução do Sr..., Offerecida ao actor Augusto de Mello e recitado pelo mesmo na noite da festa artística do actor G. da Silveira, no thetro do Gymnasio, em 20 de maio de 1886, Lisboa, s.n., deposito Livraria do Carmo, 1886.

Com a indicação: O monologo seguinte foi recitado em Paris no teatro da Comedie Française por Coquelin Cadet; preço 100 réis

O Arenque Seco (Monólogo)

Era um grande muro branco, branco, branco,
e ao pé uma escada, alta, alta, alta,
No Chão um arenque seco, seco, seco.

Vem ele e segura firme, firme, firme,
nas mãos calejadas, sujas, sujas, sujas,
um negro martelo, grande, grande, grande,
um prego de bico longo, longo, longo,
e um fio de barbante grosso, grosso, grosso.

Pela escada sobe, alta, alta, alta

Pegando no prego longo, longo, longo
com três marteladas, tac, tac, tac,
espeta-o no muro branco, branco, branco,
e larga o martelo que vem, vem e vem
de cima caíndo, caíndo, caíndo.

Em volta do prego forte, forte, forte
aperta o barbante grosso, grosso, grosso,
e na ponta d'este, firme, firme, firme,
pendura o arenque seco, seco, seco.

Desce então da escada, alta, alta, alta,
e pondo-a nos ombros largos, largos, largos,
levanta o martelo grande, grande, grande,
e lá se retira curvo, curvo, curvo,
até se perder ao longe, longe, longe.

Depois d'isto o arenque seco, seco, seco,
preso no barbante, grosso, grosso, grosso.
ficou junto ao muro branco, branco, branco,
a embalançar-se sempre, sempre, sempre.

Compuz esta história simples, simples, simples
para arreliar, serra, serra, que serra,
uns certos sujeitos graves, graves, graves,
e para entreter um nada, um nada, um nada,
algum pequerrucho assim, assim, assim.

3 comentários:

MR disse...

Giríssimo!
Ainda há dias passei na Rua dos Arenques, em Bruxelas. Estive mesmo para fazer uma foto da placa toponímica... Se tivesse feito, colocava-a.

Anónimo disse...

Olá.
Estaria aberto a propostas para venda deste exemplar?
Muito obrigado
Miguel G.

Jad disse...

Caro anónimo, não vendo nenhum dos livros que entram na minha biblioteca.