Prosimetron

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quarta-feira, 15 de julho de 2009

Morte em Veneza, quando a prosa é poesia!

"MORTE EM VENEZA

Estes segundos andares desfiados de musgo, estes olhos que balouçam nas gôndolas de S. Marcos e logo se fecham no acesso da noite. Até Luchino que, apressado, toma o último vaporento e, um pouco mais tarde, enterra os sapatos na areia molhada. Lido batido pelo vento, esplanadas desfeitas, taciturnas. A humidade que lhe bebe nos cabelos um eminente desejo de purificação. E também no Hotel deserto tudo.
Luchino pensa como é bela Veneza no inverno. E começa a escrever-me uma carta: como é bela Veneza no inverno. Às vezes acredito que hoje não vai amanhecer em Veneza, as águas lambem, desgastam os palácios, as pontes caminham infindáveis labirinto.
Luchino, o interlocutor inválido, amachuca nervosamente o papel.
Esta carta que, no entanto, lerei, um dia".

Manuela Parreira Silva, O Álbum de Vishnu, "Poemário 2009, Lisboa:Assírio & Alvim, 2009.

A acompanhar o poema junto uma das cenas do filme de Luchino Visconti que adoro! Espero que esta ainda não tenha sido colocada.

3 comentários:

Anónimo disse...

Não deve faltar muito para que este livro e este filme seja colocado no Index. Espero que não seja nos meus dias de vida...
J.

Anónimo disse...

seja=sejam

Anónimo disse...

Mas que raio de ideia Sr. Jad! Onde foi buscar essa? Não me diga que tem algum "garganta funda" no Vaticano que lhe dá umas informações... Não tenha medo que se não foram colocadas no Index quando surgiram, não o serão agora.