Prosimetron

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domingo, 30 de novembro de 2008

E por fim: Novembro com Carlos Seixas

Com o fim do mês de Novembro à vista, chegámos também ao fim de uma pequena viagem pelo mundo da música barroca ao longo das últimas cinco semanas. O percurso seria incompleto sem uma referência a compositores portugueses da época. Carlos Seixas e o seu célebre e belo concerto em Lá maior para cravo terminam esta trajectória (não foi possível identificar o conjunto, tratar-se-á eventualmente de uma gravação realizada pela Norwegian Baroque Orchestra sob a direcção de Ketil Haugsand).

Como introdução ao concerto, seguem algumas notas sobre Seixas da autoria de João Pedro d'Alvarenga:

"José António Carlos de Seixas foi o mais proeminente compositor português de música para instrumentos de tecla na primeira metade do século XVIII. Nasceu em Coimbra aos 11 de Junho de 1704, filho de Francisco Vaz, organista da Sé, e de sua mulher, Marcelina Nunes. Desconhecem-se os motivos que o levaram a adoptar o apelido Seixas, em desfavor do apelido paterno, sendo mais vulgarmente conhecido no seu tempo apenas pelos nomes de baptismo, José António Carlos, como aparece em inúmeras cópias das suas obras.

Falecido Francisco Vaz pelos princípios de 1718, foi logo Carlos Seixas, aos 9 de Fevereiro desse mesmo ano, provido no lugar de organista da Sé de Coimbra, com o mesmo salário de seu pai. Dois anos depois, 1720, mudou-se para Lisboa "com intento de ser ecclesiastico", obtendo nomeação para um lugar de organista na Santa Igreja (ou Basílica) Patriarcal, ficando a dúvida se esta era a Capela Real, ao tempo sediada no Paço da Ribeira, ou se era a Basílica de Santa Maria Maior, junto da qual morava.

Pelos escassos documentos que subsistem e pelo primeiro escorço biográfico do compositor, publicado em 1759 por Diogo Barbosa Machado no volume IV da sua Bibliotheca Lusitana, ficamos a saber que, nos primeiros anos da sua estada em Lisboa, Seixas "ensinava cravo nesta cortte por algü cazas"; que "atrhaido de hum sincero affecto", casou aos 8 de Dezembro de 1731 com D. Joana Maria da Silva, de quem teve dois filhos e três filhas; que aos 21 de Maio de 1738, adquiriu a propriedade de um dos ofícios de contador da Ordem de Santiago; e que se fez também militar, assentando praça aos 30 de Junho de 1733 na Companhia de Ordenanças do Paço, comandada pelo Visconde de Barbacena, de que foi alferes, e, depois, capitão, obtendo por despacho régio de 12 de Novembro de 1738 o hábito da Ordem de Cristo, ao cabo de um longo processo de habilitação que durou nove anos.

Carlos Seixas faleceu em Lisboa na sua casa por detrás da Igreja de Santo António da Sé, sendo sepultado aos 26 de Agosto de 1742 nos covais da Irmandade do Santíssimo Sacramento daquela igreja."


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5 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada por esta beleza. Adoro Carlos Seixas e musica barroca.

Depois de uma viagem de quase 24 horas, e de um pequeno descanso soube-me bem ouvir Carlos Seixas, completou a recepcao que me fizeram os corvos. Desconhecia que havia corvos em Goa!
Ha tambem uns corvos por Lisboa que fazem uma musica bonita!
A.R.

Desculpe, nao consigo resistir, tenho de lhe dizer que este post equivale, num grau diferente, `a sua Acqua di Parma de elevadissimo bom gosto.

Anónimo disse...

Também gosto de Carlos Seixas.
E já agora, porque não nos brinda com novas músicas no mês de Dezembro?
M.

João Mattos e Silva disse...

Que maravilha este concerto de Carlos Seixas. Não fica a dever nada à música de muitos compositores coevos, muito mais conhecidos.
Espero que A.R. tenha uma boa estadia em Goa. Já falara com outros companheiros do blog na preocupação com a sua viagem e o ambiente na Índia. Que tudo corra bem e seja proveitosa a estadia. Hoje ao som de Carlos Seixas.

Filipe Vieira Nicolau disse...

De facto, resta-nos desejar uma óptima viagem à A.R.!

Anónimo disse...

Obrigada! Agora vou respondendo com erros...mas nao consigo encontrar os assentos.
No aeroporto de Bombaim estava tudo calmo, so havia mais policiamento.

Panjim, Goa e diferente...acho que vou gostar!
Para ja tem uma paisagem luxuriante.
A.R.