Prosimetron

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domingo, 30 de novembro de 2008

Os meus poemas -5

NEVOEIRO

Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo - fátuo encerra.

Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
Nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a hora!

Fernando Pessoa
(1888- 30.11.1935)

2 comentários:

LUIS BARATA disse...

E nevoeiro bem denso...

Anónimo disse...

Como o Fernando Pessoa `e tao actual. Adoro este poeta e o poema que escolheu `e lindo (desculpe o portugues, dificuldades do teclado).
O nevoeiro...pode ser belo ou ser sin`onimo de caos.

J`a vi nevoeiro sobre o Castelo de Marvao que era uma beleza!
A.R.