Prosimetron

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terça-feira, 21 de julho de 2009

Regresso à Ars Moriendi

XV

L' ODEUR EN PEINTURE

Visitant l' exposition sur les Vanités dans la peinture au XVIIe siècle, à Caen, je me suis arretê sur la toile d' un peintre vénitien, Pietro della Vecchia. Son titre: « Saint François Borgia devant le cercueil d' Isabelle de Portugal » . Isabelle fut certainement belle, mais c' est du passé car la décomposition ravage son visage. Dans la bière elle apparaît comme un mixte de belles étoffes, beaux bijoux et pourriture, viande corrompue. Elle doit sentir bien fort puisque, à ses côtés, un personnage se tient les narines pour éviter d' inhaler les miasmes. L' éxegese y voit de l' ironie, un esprit satirique à la commedia dell ' arte. J' y vois plutôt l' épaisse volonté didactique du peintre et des commanditaires: des hommes d' Eglise: la puanteur du cadavre, c' est la invitation aux eaux lustrales. Travaillez à votre salut et pour ce faire soyes dés ici-bas « perinde ac cadaver » . La leçon est toujours la même,elle a toujours ses adeptes.

- Michel Onfray, ARS MORIENDI- Cent petits tableaux sur les avantages et les inconvénients de la mort, LES CAHIERS FOLLE AVOINE, 1998.


Há dias, enquanto tentava ajudar o nosso Jad nas suas pesquisas, fui reconduzido a um tema que sempre me fascinou: a Danse Macabre, a Dança da Morte, mescla de paganismo e devoção cristã que do espaço público passou à arte, estando representada em muitas gravuras e quadros e até foi transposta para a música, desde logo já bem perto de nós por Saint-Saens. E o que é a Danse Macabre senão uma preparação para a morte, um prenúncio do nosso inexorável destino? Foi então que me lembrei de trazer aqui outra vez ao blogue a Ars Moriendi do Michel Onfray, pois que tinha postado apenas duas ou três passagens do livro logo no início do blogue. Não sei quando voltarei a ele, até para que o blogue não fique mórbido, mas achei que era altura, também por outro funesto acontecimento ocorrido na semana passada.
Por outro lado, esta contemplação de S.Francisco de Borja do cadáver de Isabel de Portugal, a tão amada mulher de Carlos V para os mais esquecidos, inspirou vários poetas portugueses o que é mais um motivo para trazer este perturbante quadro ao Prosimetron.
Falta apenas dizer que o quadro é de Pietro della Vecchia, foi pintado entre 1664 e 1674, e pertence ao Musée des Beaux-Arts de Brest.

1 comentário:

Anónimo disse...

É estranho o quadro. Parece coberto de uma névoa.
A.R.